Tribo remota revela o que aconteceu após serem apresentados a internet pela primeira vez

por Lucas Rabello
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A tribo Marubo, escondida no coração da floresta amazônica ao longo do rio Ituí, levava uma vida tranquila, sem tecnologia, até setembro de 2023. Telefone, sim; internet, não. Eles estavam bem com isso, até que o Starlink de Elon Musk apareceu.

O Starlink, uma constelação de satélites de internet da SpaceX, cofundada por Musk, promete internet de alta velocidade em qualquer lugar da Terra. Até mesmo a remota aldeia Marubo não escapou do seu alcance. De repente, o mundo deles mudou da noite para o dia.

Jack Nicas, do New York Times, mergulhou nessa revolução digital. Os Marubo passaram de minimalistas tecnológicos a viciados em internet. “A transformação foi instantânea,” observa Nicas. Membros da tribo que já tinham smartphones – principalmente para ligações e fotos – agora estavam grudados nas telas.

“Todo mundo ficou feliz,” lembra Tsainama Marubo. “Mas agora, as coisas pioraram.” A aldeia viu pessoas curvadas sobre seus telefones, digitando, mandando mensagens de voz e assistindo vídeos sem parar. Dois meninos, por exemplo, estavam deslizando sem parar por clipes do Neymar Jr.

Esse novo vício em telas entrou em choque com suas tradições de caça e agricultura. As tarefas essenciais começaram a ser negligenciadas. Para lidar com isso, a tribo implementou regras: acesso à internet apenas por algumas horas de manhã e à noite, e o dia todo no domingo.

Apesar de alguns benefícios como chamadas de emergência, conexão com outras aldeias e aprendizado sobre o mundo, a internet trouxe uma série de problemas. Informações enganosas se espalharam rapidamente. Golpes apareceram. Pornografia, redes sociais viciantes e videogames violentos invadiram suas telas – coisas que o resto do mundo debate há anos.

Os jovens começaram a ficar preguiçosos, segundo Tsainama. “Eles estão aprendendo os costumes dos brancos,” disse ela, preocupada com a erosão da cultura deles. Mais jovens Marubo agora estão curiosos sobre o mundo exterior e pensando em deixar a floresta. Isso ameaça o tecido cultural da tribo.

No entanto, apesar do caos, Tsainama e outros não querem que a internet seja retirada. “Já salvou vidas,” diz o líder Enoque Marubo. Enquanto a aldeia lida com essa espada de dois gumes digital, eles não estão prontos para cortar o fio.

A chegada da internet foi tanto um presente quanto uma maldição. Os Marubo agora fazem parte de uma comunidade global, mas ao custo de seu modo de vida tradicional. A aldeia está se adaptando, mas não sem dificuldades. Eles provaram o mundo digital, e não há como voltar atrás.

1 comentário

Valéria Marques 5 de junho de 2024 - 12:45

A liberdade do homem consiste em escolher seu tipo de escravidão.

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