Pedaço recém-descoberto da crosta terrestre pode reescrever 3,75 bilhões de anos de história

por Lucas Rabello
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Nosso planeta, com sua história que se estende por mais de 4,5 bilhões de anos, continua sendo uma fonte de novos conhecimentos para a humanidade. Embora os seres humanos façam parte desta linha do tempo por uma parcela significativa, as profundezas da Terra ainda guardam segredos à espera de serem descobertos.

Em um caso notável de 2014, pesquisadores se depararam com um vasto reservatório de água localizado sob a crosta terrestre. Essa descoberta não foi algo comum; o corpo de água subterrâneo foi estimado em três vezes o volume de todos os oceanos superficiais combinados. Situado a 640 quilômetros abaixo da superfície, essa revelação adicionou uma nova camada ao nosso entendimento da composição do planeta.

Pedaço recém-descoberto da crosta terrestre pode reescrever 3,75 bilhões de anos de história

Mais recentemente, um estudo conduzido pela Universidade de Copenhagen lançou luz sobre as complexidades geológicas da crosta terrestre, particularmente na região das Montanhas Escandinavas, também conhecidas como ‘Scandes’. Essas montanhas, as mais antigas do norte da Europa, datam de 400 milhões de anos. O estudo desenterrou um segmento da crosta terrestre nesta região, datando potencialmente de três bilhões de anos atrás, sugerindo uma história geológica muito mais antiga do que se entendia anteriormente.

Essa descoberta significativa indica uma conexão geológica entre a Escandinávia e a Groenlândia. O professor Tod Waight, do Departamento de Geociências e Gestão de Recursos Naturais, comentou: “Nossos dados sugerem que a parte mais antiga da crosta terrestre sob a Escandinávia tem origem na Groenlândia e é cerca de 250 milhões de anos mais velha do que pensávamos anteriormente.” Essa afirmação é apoiada pelas semelhanças químicas encontradas entre a crosta sob a Escandinávia e algumas das rochas mais antigas da Terra localizadas no Cráton do Atlântico Norte da Groenlândia Ocidental, conforme relatado pelo SciTechDaily.

Mais evidências vieram de cristais de zircão descobertos nas areias dos rios e rochas da Finlândia. Esses cristais apresentavam assinaturas indicando uma idade muito mais antiga do que qualquer uma identificada anteriormente na Escandinávia, mas comparável à idade de amostras de rocha da Groenlândia. Andreas Petersson, pesquisador do Departamento de Geociências e Gestão de Recursos Naturais, explicou: “Os cristais de zircão que encontramos na areia do rio e nas rochas da Finlândia têm assinaturas que apontam para serem muito mais antigos do que qualquer coisa já encontrada na Escandinávia, enquanto correspondem à idade de amostras de rocha da Groenlândia.”

Pedaço recém-descoberto da crosta terrestre pode reescrever 3,75 bilhões de anos de história

Esses achados são corroborados por três análises independentes de isótopos, que sugerem uma forte probabilidade de que o leito rochoso da Escandinávia já esteve conectado à Groenlândia. Os países da Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia repousam sobre um segmento da crosta terrestre conhecido como Cráton do Leste Europeu, ou mais especificamente, o Escudo Báltico (também referido como Escudo Fenoscandinavo).

As implicações dessas descobertas são profundas, sugerindo que o pedaço de crosta agora sob a Finlândia pode ter se desprendido originalmente da Groenlândia. Esse ‘embrião’ de terra, com o tempo, derivou e ‘se enraizou’ para formar o que é agora a Finlândia, pintando um quadro dinâmico da história geológica da Terra e da interconectividade de suas massas terrestres.

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