Especialistas preocupados que maior tempestade solar já registrada se repita

por Lucas Rabello
0 comentário 1,2K visualizações

A Terra, ontem à noite, foi atingida pela tempestade geomagnética mais intensa desde 2017. Mas espera aí, isso é apenas brincadeira de criança comparada ao grande evento de todos, o Evento Carrington de 1859. Esse surto solar foi tão épico que fez a tempestade de ontem à noite parecer uma leve garoa.

Então, 1859, certo? O Sol decide ter um acesso de raiva, lançando uma tempestade de gás eletrificado e partículas subatômicas em nossa direção. Estamos falando da energia equivalente a 10 bilhões de bombas atômicas. É isso mesmo que você ouviu. Sistemas de telégrafo foram fritos, operadores levaram choques e alguns sistemas até pegaram fogo. E as auroras boreais? Estavam dando uma festa até o sul de Cuba e Havaí. As pessoas literalmente liam jornais à luz da aurora!

Agora, tempestades solares não são novidade para a nossa querida velha Terra. Elas têm estado junto de nós, bem, sempre. Mas aqui está o ponto: descobrir o quão massivas essas anomalias solares podem ser é um tanto complicado. Claro, temos anéis de árvores contando histórias de tempestades solares passadas e relatos antigos de espetáculos no céu. Mas dados concretos? Isso é coisa recente, se estendendo por menos de dois séculos.

Aí entra o Evento Carrington, o VIP das tempestades solares, que apareceu quando ainda éramos bebês no rastreamento de tempestades. Os dados de então são como encontrar uma mina de ouro, mas não do tipo que te faz pular de alegria. Mais do tipo que te faz dizer: “Caramba!”

Agora, se essa tempestade solar tivesse decidido dar uma festa algumas décadas mais tarde, estaríamos falando de um nível completamente diferente de caos, com eletricidade e longas linhas ferroviárias entrando no eletric boogaloo. E sim, uma tempestade dessas hoje preocupa muito os cientistas, que dizem que até poderíamos ter problemas com um apagão da internet e da eletricidade como um todo. Mas pelo menos teríamos uma melhor noção de quão massiva ela realmente foi.

Vamos até os observatórios de Greenwich e Kew no Reino Unido, onde eles tinham essa configuração bacana para medir as variações de humor magnético da Terra. Imagine ímãs gigantes em balanços, com seus movimentos registrados em papel fotossensível. Quanto mais o campo magnético da Terra se soltava, mais selvagens eram os movimentos.

Mas aqui está a reviravolta: ninguém esperava que o campo magnético dançasse breakdance como fez em 1859. Os movimentos eram tão fora dos gráficos que a luz do registro saiu do papel por incríveis 12 horas. É, isso é muito tempo não registrado.

Avançando para a era digital, alguns cientistas decidiram dar uma repaginada moderna nesses registros antigos. Eles desempoeiraram os arquivos, tiraram algumas fotos e digitalizaram tudo. E o que eles encontraram foi impressionante. O campo magnético estava mudando a uma taxa de pelo menos 500 nanoteslas por minuto. Para colocar em perspectiva, tempestades que ocorrem uma vez a cada século atingem cerca de 350-400 nT/min. Então, é, o Evento Carrington não estava para brincadeira.

Mas traduzir esses movimentos antigos para as unidades SI de hoje? É complicado, mas não impossível. Graças a algumas comparações inteligentes e reconstruções, a equipe conseguiu entender as mudanças de nanoteslas na força do campo.

E adivinha? Alguns cientistas lá nos anos 1860 já tinham percebido isso. Eles classificaram o Evento Carrington como uma mega tempestade, mas as gerações posteriores foram tipo: “Ah, isso é exagero.” Bem, acontece que os antigos estavam certos. O Dr. Ciaran Beggan e sua equipe confirmaram isso com um grande e gordo “Eu avisei!”

Todo esse negócio de magnetograma não era apenas por diversão. Antes do GPS se tornar nossa estrela-guia, o campo magnético da Terra era o navegador original. Imagine zarpar pelo Atlântico, com nada além de uma bússola e sua inteligência.

Mas aqui está o problema: nossos dois principais registros do Evento Carrington eram basicamente vizinhos, a apenas 20 quilômetros de distância. Não exatamente a cobertura global que você esperaria. Ainda assim, todo pedacinho ajuda, e outros lugares como Finlândia, Índia e Guatemala contribuíram com suas opiniões.

Então, é isso. O Evento Carrington não foi apenas uma simples tempestade solar. E desenterrar seus segredos hoje? Isso é como abrir uma cápsula do tempo, que pode inclusive nos ajudar como encarar a próxima tempestade solar tão grande como. E não é questão de “se”, e sim de “quando”.

Deixar um comentário

* Ao utilizar este formulário você concorda com o armazenamento e tratamento de seus dados por este site.

Mistérios do Mundo 2024 © Todos os direitos reservados