Cientistas dizem que existe um antigo planeta enterrado dentro da Terra

por Lucas Rabello
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Imagine isso: a Terra, há mais de 4,5 bilhões de anos, seguindo seu rumo quando, de repente, Theia, um planeta do tamanho de Marte – ou talvez até do tamanho da proto-Terra – entra em cena. Esse choque cósmico não foi um simples arranhão; foi algo digno de lendas celestiais, levando ao nascimento da nossa amada Lua. Mas é aqui que a trama se complica: o que aconteceu com Theia após a colisão? Será que ela simplesmente bateu e fugiu, ou permaneceu por aqui, misturando suas entranhas planetárias com as da Terra?

Qian Yuan, cientista da Terra da Universidade do Estado do Arizona, e sua equipe vieram com uma nova teoria. Eles estão mexendo com a ideia de que Theia não apenas se fundiu à Terra; pode ter deixado um pedaço de si mesmo bem debaixo dos nossos pés.

Agora, vamos esclarecer uma coisa: Theia é meio que a heroína não reconhecida dessa história. Enquanto a Lua recebe toda a glória com amostras e pegadas, o destino de Theia é mais um mistério. Mas Yuan não está deixando a história de Theia acabar assim. Comparando isótopos da nossa Lua e da Terra, os cientistas têm montado esse quebra-cabeça cósmico, sugerindo que nossa Lua é praticamente feita de retalhos da Terra antiga, cortesia da grande entrada de Theia.

Originalmente, achava-se que Theia tinha metade do tamanho atual da Terra. No entanto, rumores recentes nos corredores da ciência insinuam uma Theia mais robusta, talvez até equivalente à proto-Terra em peso. Independentemente de seu tamanho, parece que o núcleo de Theia se aconchegou rapidamente ao núcleo da Terra, em questão de horas após a colisão.

Mas espere, tem mais. O manto da Terra não é um sabor único; cerca de 8% dele age de forma altiva, formando duas pilhas massivas perto da fronteira entre o núcleo e o manto. Essas não são quaisquer pilhas; são as Províncias de Baixa Velocidade de Cisalhamento (LLSVPs, na sigla em inglês), assim chamadas porque são como lombadas para as ondas sísmicas, diminuindo sua velocidade em 1 ou 2%. E essas coisas são gigantescas — uma está relaxando sob a África e a outra está à vontade sob o Oceano Pacífico.

Enquanto alguns pensam que essas LLSVPs são apenas mais quentes do que o resto do manto, Yuan e sua turma suspeitam que há mais nessa história. Eles acham que essas áreas não são apenas quentes, mas também mais densas e feitas de um material completamente diferente.

Eis a sacada: Yuan teve um estalo em aula. Quando seu professor, Micha Zolotov, estava desempacotando a hipótese do grande impacto, ele mencionou como Theia é meio que um fantasma — sem prova concreta de sua existência pós-colisão. Foi então que Yuan pensou: “Espera aí, e se Theia não simplesmente deu no pé? E se ela adentrou na Terra? E se ela é na verdade  as LLSVPs?”

Para chegar ao fundo disso, Yuan começou com alguns cálculos. Ele comparou o tamanho das LLSVPs com o que pensamos ser o tamanho do manto de Marte, um substituto para Theia. Acontece que as LLSVPs correspondiam a cerca de 80 ou 90% do tamanho do manto de Marte. Junte isso à Lua, e você tem um momento “Eureka!”.

Yuan então se deparou com um estudo de Sujoy Mukhopadhyay, que descobriu que o manto da Terra é como uma mixtape de mais de 4,5 bilhões de anos atrás, mais antiga que a Lua, com pelo menos dois traços distintos. Esse detalhe se encaixou na intuição de Yuan como uma luva — um desses traços poderia muito bem ser os restos de Theia, preservados no manto da Terra.

Mas Yuan não parou por aí. Ele se juntou a Steven Desch, um astrofísico que já havia investigado o caso. O trabalho de Desch sugeriu que Theia não era apenas um planeta qualquer; tinha uma vibração mais densa, repleta de óxido de ferro, tornando-o propenso a afundar e se fundir após a colisão, em vez de se dispersar.

Assim, eles juntaram forças e fizeram mais alguns cálculos. Se Theia fosse mais densa do que os números de Desch indicavam, teria afundado demais, se espalhando e ficando muito diluída. Mas seus cálculos encontraram o ponto ideal, sugerindo que a densidade de Theia era exatamente a necessária para formar as LLSVPs.

Essa teoria tem dado o que falar. Susannah Dorfman, uma geocientista que não participou do estudo, elogia a criatividade de ligar o impacto planetário com as estruturas profundas da Terra. Ela comenta: “É uma ideia sólida, mas vamos com calma.” As suposições sobre a composição e densidade de Theia precisam ser confirmadas para que essa teoria se sustente.

Yuan não está reivindicando a vitória ainda; ele sabe que isso é apenas o começo. “É uma hipótese”, ele nos lembra, esperando que outros se juntem à investigação e expandam a pesquisa. Afinal, a história de Theia e sua possível fusão com a Terra é um mistério que continua a cativar cientistas e entusiastas do espaço, oferecendo uma nova perspectiva sobre a origem complexa e dinâmica do nosso planeta e sua lua companheira.

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