Por que é “proibido” comer carne na Semana Santa?

por Lucas Rabello
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A Semana Santa chega trazendo uma mistura de tradição, fé e sim, um pouco de restrição alimentar. Nada de carne vermelha? Esse é o acordo para muitos no seio católico, uma prática enraizada na história, espiritualidade e um toque de autoridade eclesiástica.

O Império Romano, no ano 313 d.C., era uma época de togas e mudanças monumentais. O imperador Constantino mudou o jogo com o Edito de Milão, dando ao cristianismo um sinal verde como a religião VIP do império. Isso concedeu liberdade religiosa a todas as religiões, permitindo aos cristãos praticarem sua fé livremente. Essa jogada não era só sobre a missa de domingo; ela reformulou as normas sociais, incluindo o que era servido na mesa de jantar.

Voltando aos tempos bíblicos, temos os evangelistas originais – Mateus, Marcos, Lucas e João – registrando a passagem de Jesus pela Terra. Suas narrativas foram selecionadas para a Bíblia, uma espécie de coletânea dos maiores sucessos dos textos antigos, que, curiosidade, significa ‘livros’ em grego antigo. Então surgiu São Paulo, um caçador de cristãos convertido em super fã de Jesus, que, após uma queda dramática de um cavalo, começa a espalhar a palavra, incluindo sua visão sobre o que se deve e não se deve comer.

As cartas de Paulo, parte do conjunto bíblico, abordam as zonas proibidas para o consumo de carne, associando-a às ofertas ‘impuras’ nos churrascos pagãos. A mensagem subjacente? Fique longe da carne sacrificada a outras divindades.

Avançando para a Semana Santa no calendário católico, a regra de não consumir carne vermelha entrou em cena. A razão evoluiu, vinculando a proibição a um gesto simbólico de respeito pelo sacrifício de Jesus. É menos sobre a carne em si e mais sobre o que ela representa.

Então, quando a carne está fora do cardápio? A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são os atos principais, com todas as sextas-feiras durante a Quaresma recebendo uma menção honrosa. A escolha da sexta-feira não é aleatória; é o dia em que Jesus fez sua última reverência. Trata-se de marcar o momento, uma dica coletiva do chapéu para um capítulo crucial na narrativa cristã.

A Igreja Católica não está apenas lançando sugestões; está estabelecendo a lei para aqueles com 18 anos ou mais para jejuar na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Não se trata de rotular a carne como um pecado, mas de adotar uma postura de penitência e reflexão.

Depois, há o canto conservador, aumentando o volume da tradição. Eles estendem o jejum da Sexta-feira Santa até a Vigília Pascal, com o objetivo de aprofundar a conexão com a solenidade da jornada de Jesus e, consequentemente, a alegria de sua ressurreição.

No grande tapestaria da Semana Santa, abster-se de carne vermelha é um fio tecido a partir de fios históricos, espirituais e culturais. É uma prática que convida à reflexão sobre temas mais profundos de sacrifício, pureza e memória comunal, enquadrada pela narrativa evolutiva da fé.

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