Ligação misteriosa entre gatos e esquizofrenia é real, afirma estudo

por Lucas Rabello
0 comentário 1,3K visualizações

Pesquisas recentes estão novamente causando controvérsia com afirmações que ligam a posse de gatos a um risco aumentado de distúrbios relacionados à esquizofrenia. Parece que nossos amigos peludos podem carregar mais do que apenas suas travessuras e charme distante. Este debate não é novo, tendo sido iniciado por um estudo de 1995 que sugeriu que a exposição a um parasita chamado Toxoplasma gondii, comumente hospedado por gatos, poderia aumentar os riscos de esquizofrenia. Apesar dos anos, a comunidade científica ainda está montando o quebra-cabeça.

Cientistas australianos do Queensland Centre for Mental Health Research arregaçaram as mangas para investigar mais a fundo essa conexão. Eles analisaram 17 estudos dos últimos 44 anos, envolvendo dados de 11 países, incluindo grandes participantes como os EUA e o Reino Unido. Suas descobertas? Uma “associação positiva significativa entre a posse de gatos de forma ampla definida e um risco aumentado de distúrbios relacionados à esquizofrenia”, conforme o relatório publicado em dezembro passado no Schizophrenia Bulletin.

O ponto central deste debate é o Toxoplasma gondii, um parasita que pode parecer um vilão saído de um filme de ficção científica. Geralmente inofensivo, o T. gondii é normalmente contraído através de carne mal cozida ou água contaminada, e não apenas pela caixa de areia do bichano. Mas aqui está o problema — uma vez que entra no corpo humano, pode ir direto para o sistema nervoso central e causar estragos nos neurotransmissores. Esse hóspede insidioso está ligado a mudanças de personalidade, ao surgimento de sintomas psicóticos e até à esquizofrenia.

A análise recente descobriu que pessoas expostas a gatos tinham cerca de duas vezes mais chances de desenvolver esquizofrenia. Mas antes de olhar de lado para o seu gato, considere isto: 15 dos 17 estudos revisados eram estudos de caso-controle. Esse tipo de estudo é ótimo para estabelecer correlações, mas não prova causa e efeito. É como dizer que vendas de sorvete levam a ataques de tubarão porque ambos aumentam no verão — correlação não implica causalidade.

Críticos apontam que muitos desses estudos sofrem de baixa qualidade e não consideram outros fatores que poderiam distorcer os resultados. As inconsistências são flagrantes. Por exemplo, um estudo não encontrou uma ligação significativa entre possuir um gato antes dos 13 anos e a esquizofrenia mais tarde. No entanto, relatou uma conexão notável durante as idades de 9 a 12 anos. Isso levanta questões sobre quando, ou se, a exposição a gatos é realmente crítica.

Ligação misteriosa entre gatos e esquizofrenia é real, revela estudo

Nem toda a pesquisa aponta diretamente para a posse de gatos. Alguns estudos sugerem outros elementos em jogo, como a natureza da interação com o gato. Uma mordida de um gato infectado, em vez de apenas a posse, foi associada a pontuações mais altas em testes de sintomas semelhantes à esquizofrenia em um estudo dos EUA envolvendo estudantes de psicologia. Isso introduz outra camada — poderiam tipos específicos de contato com gatos ser mais influentes do que a mera posse?

Outra complicação é o envolvimento potencial de outros patógenos. Um estudo sugeriu que a bactéria Pasteurella multocida, comumente transmitida através de mordidas de gato, também poderia estar ligada a pontuações mais altas em testes que medem certas experiências psicológicas. Isso complica tudo, sugerindo que T. gondii pode não ser o único criador de problemas microscópicos que vale a pena examinar.

Apesar das evidências crescentes de uma ligação, a comunidade científica permanece cautelosa. Muitos concordam que o caminho para uma resposta definitiva é pavimentado com estudos de alta qualidade e em grande escala, não apenas correlações tiradas de pesquisas anteriores. As complexidades dos distúrbios psiquiátricos, como a esquizofrenia — entrelaçadas com fatores genéticos, ambientais e biológicos — tornam isso um desafio difícil de resolver.

John McGrath e sua equipe não se esquivam das complexidades. Eles reconhecem a necessidade de uma revisão e análise completa de toda a pesquisa sobre esses tópicos para esclarecer as águas turvas. Afinal, se a posse de gatos é de fato um fator de risco para esquizofrenia, isso não só mudaria as perspectivas de saúde pública, mas também afetaria como vemos a integração de animais de estimação em ambientes terapêuticos.

Deixar um comentário

* Ao utilizar este formulário você concorda com o armazenamento e tratamento de seus dados por este site.

Mistérios do Mundo 2024 © Todos os direitos reservados