A Ilha das Cobras é o lar de 4.000 das cobras mais mortais do mundo e ninguém pode visitá-las

por Lucas Rabello
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Localizada a cerca de 48 quilômetros da costa de São Paulo, a ilha da Queimada Grande, popularmente conhecida como Ilha das Cobras, abriga uma densa população de uma das serpentes mais venenosas do mundo, a jararaca-ilhoa. Cobrindo uma área de aproximadamente 43 hectares, estima-se que a ilha seja lar de cerca de até 4.000 dessas serpentes, resultando em uma densidade impressionante de três a cinco serpentes por metro quadrado. Essa alta concentração de serpentes venenosas torna a ilha um dos lugares mais mortais da Terra, levando a uma proibição estrita de visitas públicas para garantir a segurança tanto dos humanos quanto da população de serpentes.

A jararaca-ilhoa, uma espécie encontrada exclusivamente na Ilha das Cobras, está criticamente em perigo e é conhecida por seu veneno altamente potente. A serpente se alimenta principalmente de aves, mas seu veneno também é extremamente letal para humanos, capaz de causar a morte dentro de uma hora após o envenenamento. Devido ao veneno potente da serpente e ao risco que ela representa, o acesso à ilha é fortemente restrito pelas autoridades brasileiras, com apenas um grupo seleto de cientistas recebendo permissão para realizar pesquisas na ilha a cada ano.

A origem da população de serpentes da ilha remonta a milhares de anos atrás, após a última era glacial. A elevação do nível do mar cortou a ponte terrestre que conectava a Queimada Grande ao continente, isolando as serpentes na ilha e levando à atual densidade populacional. Com o tempo, o veneno das jararacas-ilhoa na ilha evoluiu para se tornar ainda mais potente, um fenômeno que os cientistas atribuem à adaptação às suas presas, que incluem aves migratórias maiores.

Apesar da perigosa reputação da ilha, uma repórter da 9 News teve acesso sem precedentes à ilha para um segmento no 60 Minutes, acompanhada por uma equipe médica. Tara Brown, a repórter, compartilhou sua experiência com o news.com.au, recordando os avisos dos pescadores locais sobre a natureza perigosa da ilha. “Quando estávamos falando com os pescadores locais, eles nos disseram: ‘Não é uma boa ideia, você não quer ir lá’. Existem lendas sobre uma família inteira sendo morta lá, e sobre piratas enterrando tesouros na ilha e as serpentes sendo colocadas lá para proteger o tesouro. Os pescadores disseram que nunca foram lá, ou morreriam”, relatou Brown.

A trajetória evolutiva das jararacas-ilhoa na Queimada Grande apresenta uma oportunidade única para pesquisa científica. A ilha funciona como um laboratório natural, permitindo que os cientistas observem os processos evolutivos em tempo real. “Elas são diferentes de suas primas do continente por serem cinco vezes mais venenosas e estão entre as 10 serpentes mais venenosas do mundo. Elas caçam e comem aves. Não as aves locais, que se tornaram espertas demais para elas, mas aves migratórias maiores, atobás, que passam por lá em sua migração. E o veneno das serpentes se tornou mais potente porque sua presa é maior. É um experimento evolutivo incrivelmente interessante para os cientistas observarem. É um laboratório ao ar livre, se preferir. Você vê a evolução em ação”, explicou Brown.

Apesar do interesse científico, a natureza letal dos habitantes da Ilha das Cobras e as inúmeras lendas que a cercam continuam a impedir a visitação humana, mantendo o status da ilha como um dos lugares mais perigosos e intrigantes da Terra.

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