A Austrália, famosa por suas praias deslumbrantes, fauna única e vastas paisagens, surpreende frequentemente os visitantes quando descobrem que Sydney, uma de suas cidades mais célebres, não é a capital do país. Embora Sydney ostente a icônica Opera House, a Harbour Bridge e uma vida urbana agitada, ela não detém o título de capital da Austrália. Esse título pertence a Camberra, situada entre Sydney e Melbourne. A história dessa decisão está imersa em história, comprometimento e no desejo de união nacional.
No final do século XIX, a Austrália não era uma nação unificada, mas um conjunto de colônias britânicas. Cada colônia tinha sua própria capital, governança e até sistemas ferroviários, funcionando de maneira largamente independente. Com o crescente movimento pela Federação, aumentava também a necessidade de um local central de governo.
Rivalidade entre Sydney e Melbourne
Muitos viam Sydney, com seu porto próspero e sendo a cidade mais antiga e populosa na época, como a escolha óbvia para a capital da Austrália. Ao mesmo tempo, Melbourne, que florescia economicamente e culturalmente durante a corrida do ouro vitoriana, tinha seus próprios méritos. Existia uma rivalidade acirrada entre Sydney e Melbourne. Ambas eram candidatas principais e nenhuma queria ceder à outra.
A questão da localização da nova capital nacional não se resumia apenas a essa rivalidade. Havia o desafio de representação, garantindo que nenhum estado ou região tivesse influência desproporcional sobre os demais.
Por que Camberra foi escolhida como capital da Austrália
Para resolver esses e outros desafios, uma convenção ocorreu nos anos 1890. Delegados das colônias reuniram-se para redigir a Constituição Australiana. Nesse contexto, a Seção 125 da Constituição definiu o destino da capital australiana, estabelecendo que ela seria em Nova Gales do Sul, mas a pelo menos 100 milhas de Sydney. Esse detalhe reconhecia a importância de Sydney, mas buscava evitar que outras regiões fossem eclipsadas.
Além das considerações políticas e regionais, havia também preocupações estratégicas sobre a defesa da nascente nação australiana. Durante o período de formação da Federação Australiana, o mundo vivenciava tensões geopolíticas crescentes. Com a proximidade da Primeira Guerra Mundial, a segurança das cidades costeiras tornou-se uma preocupação primordial. Sydney, sendo uma cidade portuária, estava vulnerável a ataques marítimos. Assim, escolher uma localização mais interiorana para a capital da Austrália seria uma maneira de resguardar os principais órgãos de governo contra ameaças externas.
Seguindo essa diretriz constitucional, em 1911, lançou-se um concurso internacional para o projeto da nova capital. Walter Burley Griffin, arquiteto de Chicago, foi o vencedor, apresentando uma proposta que valorizava a topografia e o meio ambiente local.
Camberra: Nascimento e Identidade de uma Capital Planejada
Em 1913, a pedra fundamental de Camberra foi assentada, e a cidade, cujo nome deriva da palavra indígena “Kamberra”, que significa “lugar de encontro”, emergiu. Localizada entre Sydney e Melbourne, Camberra oferece um terreno neutro e promove um sentimento de união nacional.
O design e a localização de Camberra são peculiares. A capital da Austrália foi meticulosamente planejada para governança, diferentemente de outras capitais que evoluíram organicamente. Hoje, é sede de instituições vitais da Austrália, como o Parlamento, o Supremo Tribunal e as residências oficiais.
Com o passar do tempo, Camberra solidificou sua identidade, representando o compromisso australiano com a representação democrática e o equilíbrio entre os interesses regionais. A cidade é um monumento vivo ao poder do comprometimento e da visão.
Sydney, enquanto isso, continua sendo um ícone global, atraindo turistas com seus marcos e cultura vibrante. No entanto, é em Camberra que reside o espírito coletivo da nação.
Em resumo, mesmo que Sydney brilhe como uma das joias da Austrália, Camberra detém o título nobre de capital. A decisão, embasada em uma série de considerações históricas, políticas e geográficas, mostra o esforço de uma jovem nação para assegurar equidade e representação. Para aqueles que questionam por que Sydney não é a capital, a resposta está em uma trama de rivalidade, união e sonhos ambiciosos de um país definindo sua identidade.
