O fenômeno dos sete sóis que viralizou nas redes sociais recentemente é um exemplo fascinante de como a natureza pode nos surpreender com ilusões ópticas espetaculares. O vídeo, capturado por um cidadão não identificado na cidade chinesa de Chengdu no domingo, 18 de agosto, mostra uma cena que parece saída diretamente de um filme de ficção científica: sete sóis brilhando simultaneamente no céu.
Este evento extraordinário é resultado de uma combinação rara de fenômenos ópticos atmosféricos que criaram uma ilusão de ótica impressionante. Para entender melhor o que aconteceu, é importante examinar os princípios físicos por trás dessa ocorrência.
O principal mecanismo responsável por essa ilusão é a refração da luz. A refração ocorre quando a luz passa de um meio para outro com densidade diferente, alterando sua velocidade e direção. Um exemplo cotidiano desse fenômeno é quando colocamos um lápis em um copo d’água e ele parece estar quebrado ou deslocado. No caso dos sete sóis, a atmosfera terrestre age como um meio refrativo, alterando o caminho da luz solar e criando múltiplas imagens do Sol.
Para que esse efeito ocorra, são necessárias condições atmosféricas muito específicas. Fatores como a posição relativa da Terra em relação ao Sol, a quantidade e tipo de nuvens presentes, e a concentração de água na atmosfera desempenham papéis cruciais. Além disso, a presença de cristais de gelo hexagonais minúsculos nas nuvens é fundamental para a criação desses “sóis falsos”.
Um fenômeno similar, conhecido como “Parélio” ou “Sol falso”, é mais comumente observado e geralmente resulta em três sóis visíveis. O Parélio ocorre quando a luz solar é refratada e refletida por cristais de gelo na atmosfera, criando duas imagens adicionais do Sol, uma de cada lado do Sol verdadeiro, geralmente a um ângulo de 22 graus.
In Chengdu, China, 7 suns were allegedly filmed as a result of the refraction and scattering of light.pic.twitter.com/5c5JwYugWb
— Massimo (@Rainmaker1973) August 21, 2024
No entanto, o caso de Chengdu é ainda mais raro e complexo. Especialistas que analisaram as imagens sugerem que pode haver um terceiro efeito em jogo, possivelmente uma refração adicional causada por uma janela ou superfície de vidro através da qual o fenômeno foi observado. Isso poderia explicar o número incomumente alto de sóis visíveis na filmagem.
É importante notar que, embora essas imagens sejam incrivelmente impressionantes, elas são puramente ilusórias. Não há, de fato, sete sóis no céu, mas sim múltiplas reflexões e refrações da luz de um único Sol.
Além de sua beleza estética, eventos como este têm um valor científico significativo. Eles oferecem aos pesquisadores oportunidades únicas para estudar a interação da luz com a atmosfera terrestre em condições extremas. Essas observações podem contribuir para o aprimoramento de modelos atmosféricos e para uma melhor compreensão dos processos ópticos que ocorrem em nosso planeta.
Do ponto de vista cultural, fenômenos como este têm fascinado a humanidade por milênios. Em muitas culturas antigas, a aparição de múltiplos sóis no céu era frequentemente interpretada como um presságio ou um sinal divino. Hoje, embora tenhamos explicações científicas para esses eventos, eles ainda capturam nossa imaginação e nos lembram da majestade e do mistério do mundo natural.