Vídeo chocante mostra o momento em que chimpanzé vê a luz do sol pela primeira vez após 29 anos em uma gaiola

por Lucas Rabello
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Imagine passar os primeiros 30 anos da sua vida sem nunca ter visto o céu aberto. Essa foi a realidade de Vanilla, uma chimpanzé que nasceu em um laboratório de pesquisas biomédicas nos Estados Unidos. Sua jornada, marcada por décadas de confinamento, ganhou um capítulo surpreendente quando ela finalmente pisou em um santuário natural, em 2022, e olhou para cima, deslumbrada com a imensidão azul que nunca antes havia testemunhado.

Vanilla começou a vida no Laboratório de Medicina Experimental e Cirurgia em Primatas (LEMSIP), em Nova York, local conhecido por abrigar animais usados em estudos científicos. Durante seus dois primeiros anos, ela viveu em uma gaiola de metal suspensa, com dimensões mínimas: 1,5 metros de largura, 1,5 metros de profundidade e 2,1 metros de altura. O espaço, frio e isolado, era comum para os primatas da instituição, que passavam anos sem contato com a natureza.

Vanilla viralizou por causa do vídeo no ano passado. (Save the Chimps)

Vanilla viralizou por causa do vídeo no ano passado. (Save the Chimps)

Em 1995, ainda filhote, Vanilla foi transferida com outros chimpanzés para o Wildlife Waystation, na Califórnia. Apesar de o local oferecer recintos maiores que os do laboratório, a vida continuou limitada. Por mais de 20 anos, ela permaneceu em ambientes cercados por telas e estruturas de concreto, sem acesso a áreas externas ou vegetação. A rotina era monótona: alimentação controlada, poucos estímulos e nenhuma chance de explorar um ambiente que lembrasse seu habitat natural.

Tudo mudou em 2022, quando o Wildlife Waystation fechou suas portas. Vanilla, então com 30 anos, foi uma das últimas sete chimpanzés resgatadas pela organização Save the Chimps. O plano era levá-la para um santuário permanente na Flórida, onde pudesse viver em liberdade. A viagem foi um marco: ela e seu grupo cruzaram o país em um avião da FedEx adaptado e, depois, em um caminhão refrigerado, até chegarem a um refúgio de 150 hectares (equivalente a 150 campos de futebol).

O momento mais emocionante foi registrado em vídeo. Ao sair de um túnel que a levava para uma ilha de 3 hectares (cerca de 30 mil metros quadrados), Vanilla hesitou, como se não acreditasse no que via. Foi então que Dwight, o macho dominante do grupo, aproximou-se e a encorajou com um abraço. Pela primeira vez, ela sentiu a grama sob os pés, o vento no rosto e, ao erguer os olhos, deparou-se com o céu sem barreiras. As imagens, que rapidamente viralizaram, mostram sua expressão de encantamento, misturada com incredulidade.

No santuário, Vanilla passou por um período de quarentena antes de se integrar a um grupo maior. Hoje, ela divide o espaço com outros chimpanzés, onde podem escalar árvores, descansar ao sol e interagir livremente. De acordo com a página oficial do santuário, Vanilla descreve sua nova vida como uma descoberta diária: “Amo explorar a ilha e passar horas cuidando dos meus amigos”.

O primatologista Dr. Andrew Halloran, da Save the Chimps, explica que, nos locais onde Vanilla viveu antes, os chimpanzés não tinham acesso a grama ou atividades que estimulassem seus instintos. “Ela só conhecia grades e pisos de concreto. Ver ela se adaptar a um ambiente natural é transformador”, comenta.

A Save the Chimps, maior santuário de chimpanzés do mundo, oferece cuidados vitalícios a animais resgatados de laboratórios, circos e comércio ilegal. Para Vanilla, cada dia no santuário é uma oportunidade de reescrever sua história — longe das gaiolas, sob um céu que, finalmente, pertence a ela.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.