Existem viagens que você esquece e existem viagens que você nunca esquece. Um mergulho até o fundo do oceano, no naufrágio do Titanic, se enquadra na última categoria. Tom Zaller, CEO da empresa responsável pela organização da exposição do Titanic, sabe disso melhor do que ninguém. Ele teve a experiência única de se aventurar até os destroços há cerca de 23 anos.
Como é mergulhar quase 4 quilômetros nas profundezas geladas do Atlântico Norte para explorar o naufrágio mais famoso do mundo? Prenda a respiração, descer ao Titanic é uma jornada arrepiante e fascinante.
Imerso na Escuridão e no Frio
Ao partir da superfície, você está confortavelmente aquecido dentro do submersível. Conforme começa a sua descida, a temperatura cai, imitando a sinistra escuridão das profundezas marinhas que gradualmente o envolve.
“À medida que você desce cada vez mais, fica mais escuro”, relata Zaller. Imagine estar dentro de uma bolha de metal com 6,5 metros de comprimento, afundando cada vez mais nas vastas e tenebrosas águas oceânicas, deixando para trás o calor, a luz e a civilização.
Um submersível não é apenas um veículo subaquático qualquer. Imagine uma esfera pressurizada com dois metros de diâmetro, um assento para o piloto no centro e dois bancos de cada lado, com três pessoas. Há apenas uma entrada no topo, que é trancada por dentro assim que você entra e novamente por fora, não deixando espaço para hesitação. É um compromisso de tudo ou nada.
Descida ao Titanic: Uma Visita Fantasmagórica
A jornada até o fundo é uma descida de aproximadamente duas horas e meia para o nada. É pura escuridão, sem nada para se ver até que você alcance o leito marinho. Então, o pequeno submersível remexe a lama do fundo do oceano e a cena ganha vida.
“E lá você vê os destroços, um pedaço gigante do Titanic”, lembra Zaller. Artefatos fantasmagóricos de uma era passada, como uma xícara ou uma chaleira, criam uma cena arrepiante. O metal retorcido do casco do navio e a banheira do Capitão Smith cheia de água evocam imagens das últimas horas terríveis do navio.
A Arrepiante Realidade da Exploração em Águas Profundas
Para aqueles de nós acostumados com o solo firme, a ideia de se aventurar nas profundezas do mar é assustadora. Para Zaller, apesar da expertise e dedicação da equipe, a experiência foi angustiante. Ele estava, em suas próprias palavras, “aterrorizado”. A exploração em águas profundas não é para os fracos de coração. É um processo incrivelmente técnico e complicado, descendo quase 4 quilômetros em uma esfera que não parece muito sofisticada.
O destino da recente expedição ao Titanic, cujo submersível chamado Titan desapareceu, ressalta esse risco. Zaller mantém a esperança, mas sua própria experiência lhe diz que a situação da tripulação é grave. “Eu estive naquele submersível por doze horas, com tudo correndo conforme o planejado”, ele comenta. “Eles estão lá há quase quatro dias, nem consigo imaginar.”
Mergulhar nos destroços do Titanic é uma mistura única de medo, admiração e respeito pelo mar e pelos fantasmas do passado. É uma experiência inesquecível que serve como um lembrete sombrio do poder e do mistério do oceano profundo. Não é de se admirar que Zaller reze pela tripulação perdida, esperando que eles estejam seguros e sejam encontrados em breve.