Um continente está se dividindo em dois, a rachadura já é visível e um novo oceano está se formando Um continente está se dividindo em dois, a rachadura já é visível e um novo oceano está se formando

por Lucas Rabello
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Imagine um continente inteiro se partindo lentamente, dando origem a um novo oceano. Parece cenário de filme, mas é realidade na África Oriental, onde forças geológicas estão remodelando o mapa do planeta. Uma gigantesca fenda, que se estende por mais de 6.000 quilômetros, corta países como Etiópia, Quênia e Moçambique, revelando um processo que transformará a região nos próximos milhões de anos.

Esse fenômeno, conhecido como Sistema do Vale do Rift Africano, é uma das áreas geologicamente mais ativas do mundo. Nele, três placas tectônicas — a Africana, a Somali e a Arábica — estão se afastando desde que os dinossauros dominavam a Terra, há cerca de 25 milhões de anos. O movimento, quase imperceptível a olho nu, já criou vales profundos, lagos extensos e até cadeias de montanhas vulcânicas. O Monte Kilimanjaro, o ponto mais alto da África, é um exemplo dessas formações espetaculares.

Um futuro oceano em formação

A região mais crítica dessa divisão é o Chifre da África, que inclui países como Somália e Etiópia. Ali, o continente está se desprendendo a uma velocidade de 2 a 5 centímetros por ano. Para comparação, isso é mais rápido do que o crescimento das unhas humanas.

A longo prazo, estima-se que o pedaço de terra que hoje forma o Chifre da África se tornará uma imensa ilha, separada do resto do continente por um braço de mar. Com o tempo, esse mar pode se expandir e se conectar a outras massas de água, formando um oceano totalmente novo.

Um continente está se dividindo em dois, a rachadura já é visível e um novo oceano está se formando

Um evento geológico que surpreendeu cientistas

Em 2005, um tremor de terra na região de Afar, na Etiópia, acelerou o processo de forma dramática. Em apenas dez dias, o solo se abriu por 60 quilômetros, criando uma fissura de até 8 metros de largura. Em alguns pontos, o terreno cedeu 2 metros de uma só vez — um deslocamento que normalmente levaria séculos. O evento mostrou que a separação do continente pode ocorrer em saltos repentinos, e não apenas de forma lenta e constante.

Um continente está se dividindo em dois, a rachadura já é visível e um novo oceano está se formando

Impactos além da geologia

A região do Rift Africano não é importante apenas para cientistas. Ela abriga ecossistemas únicos, como o lago Vitória e o deserto de Danakil, e está próxima ao Canal de Suez, rota vital para o comércio global. Se a divisão continuar, pode alterar rotas marítimas, afetar a biodiversidade local e até modificar o clima da região.

Enquanto isso, o Vale do Rift segue oferecendo um laboratório natural para estudar a Terra. Vulcões em atividade, fontes termais e lagos salgados revelam como o planeta se transforma sob nossos pés. Para os moradores da região, as mudanças já são parte do cotidiano: estradas que precisam ser reconstruídas, poços que secam e novas fontes de água que surgem do nada.

A divisão da África é um lembrete de que a Terra nunca para de se reinventar. E, embora o novo oceano só esteja completo daqui a 5 a 10 milhões de anos, cada tremor, cada rachadura no solo, conta uma parte dessa história geológica em andamento.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
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