Na noite de 22 de maio, o estado do Tennessee, nos Estados Unidos, realizou a execução de Oscar Franklin Smith, de 75 anos, o homem mais velho em seu corredor da morte. Condenado há mais de três décadas pelo assassinato da ex-esposa, Judith Smith, e dos dois filhos adolescentes dela, Jason Burnett, de 13 anos, e Chad Burnett, de 16, Smith recebeu uma injeção letal após um longo processo judicial marcado por controvérsias e alegações de inocência.
O crime ocorreu em 1º de outubro de 1989, em Nashville. Judith, que havia se separado de Smith pouco antes do ocorrido, foi encontrada morta ao lado dos filhos.
Os três foram vítimas de tiros e facadas. Durante o ataque, um dos adolescentes chegou a ligar para o serviço de emergência, e os operadores ouviram gritos de “Frank, não!” em meio ao caos. O julgamento revelou que os jovens tentaram proteger a mãe até o último momento, sendo descritos como “heróis” pela coragem diante da violência.
As evidências apresentadas na época incluíram testemunhos de colegas de Smith, que afirmaram ter sido solicitados por ele para matar Judith. Além disso, investigações apontaram que o acusado havia feito ameaças violentas contra a família e adquirido apólices de seguro em nome das vítimas. Apesar das provas, Smith sempre negou envolvimento nos crimes.
Minutos antes da execução, o homem fez uma declaração contundente, criticando o sistema judiciário e o governador do Tennessee, Bill Lee, que em 2022 havia suspendido sua pena horas antes do prazo inicial.
“Alguém precisa dizer ao governador que a justiça não funciona. Muitos de nós estão morrendo por crimes que não cometemos”, disse Smith, segundo relatos da imprensa local. Quando a substância letal começou a fazer efeito, suas últimas palavras foram um insistente: “Eu não matei ela”.
O ritual final incluiu um último pedido incomum: Smith escolheu um menu simples, com cachorro-quente, batata rústica e torta de maçã acompanhada de sorvete de baunilha. P
ela primeira vez na história do estado, um conselheiro espiritual esteve presente na sala de execução. Enquanto orava, a mulher entoou o hino religioso “I’ll Fly Away”, criando um contraste entre o clima solene e a resistência do condenado em admitir culpa.
Do outro lado da história, a família das vítimas ainda carrega as marcas da tragédia. Teresa Osborne, irmã de Judith, compartilhou em entrevista a dor de perder a irmã e os sobrinhos.
“Nenhum dia passa sem que sintamos falta deles. Lembro do som da voz da Judy ao telefone, das aulas de direção que Chad ia começar, do riso contagiante do Jason. São feridas que nunca fecharão”, desabafou. Mike Robirds, irmão da vítima, reforçou o sentimento: “Ninguém deveria viver com medo, como nossa irmã viveu. Nenhuma família merece passar por isso”.
A defesa de Smith, liderada pela advogada Amy Harwell, insistiu até o fim em sua inocência, descrevendo-o como “um filho amado de Deus”. Apesar dos apelos, a justiça seguiu seu curso, encerrando um capítulo que, para muitos, permanece como um dos mais sombrios da história criminal do Tennessee. Enquanto o estado debate os rumos da pena capital, a execução de Smith reacende discussões sobre falhas judiciais, direitos humanos e o peso de décadas de espera para as famílias envolvidas.