Raios cósmicos e lasers permitiram que pesquisadores descobrissem os restos de antigas catacumbas gregas e cristãs primitivas sob as ruas da cidade de Nápoles, Itália, de acordo com um estudo recente.
Embora há muito tempo se saiba que sepultamentos gregos estão escondidos sob Nápoles, o acesso a todos eles tem sido limitado. Técnicas de ponta agora permitem que os pesquisadores examinem esses locais subterrâneos sem escavações.
Nápoles, originalmente fundada como Cuma e posteriormente renomeada Neápolis por volta de 650 a.C., abriga templos, um fórum e várias tumbas subterrâneas.

No moderno distrito de Rione Sanità, foram encontradas tumbas de vários períodos, incluindo hipogeus do período helenístico grego (do sexto ao terceiro séculos a.C.) e catacumbas cristãs primitivas do período romano posterior (do segundo ao quarto séculos d.C.). Acessar esses locais é um desafio devido às camadas de edifícios contemporâneos que os cobrem.
Para identificar hipogeus funerários desconhecidos, pesquisadores italianos e japoneses utilizaram técnicas do século XXI, como a muografia.
Os múons, partículas subatômicas semelhantes a elétrons, foram descobertos em 1936 e podem penetrar facilmente paredes e rochas. Medindo o fluxo e a direção dos múons com um detector de partículas, os pesquisadores podem observar cavidades e estruturas subterrâneas.
No estudo, a tecnologia de emulsão nuclear capturou as trajetórias dos múons usando um filme fotográfico altamente sensível. No entanto, colocar detectores de partículas requer planejamento cuidadoso, pois eles devem ser posicionados abaixo do nível alvo.
Os pesquisadores estavam interessados em analisar a necrópole helenística e colocaram dispositivos de rastreamento de múons a 18 metros de profundidade em um porão do século XIX, registrando o fluxo de múons por 28 dias.

Para identificar estruturas desconhecidas, os pesquisadores precisavam de um modelo 3D das áreas subterrâneas conhecidas, que foi então comparado ao fluxo de múons medido. Anomalias nas imagens de fluxo de múons que não apareciam no modelo 3D foram consideradas cavidades ocultas ou desconhecidas.
A muografia revelou um excesso de múons, indicando uma nova câmara funerária. A forma retangular e a profundidade da câmara sugerem que ela fazia parte da necrópole helenística, datando do sexto ao terceiro séculos a.C.
A descoberta de novas câmaras funerárias é emocionante para os pesquisadores, já que algumas dessas tumbas helenísticas renderam artefatos feitos de argila, bronze e ferro. Desenterrar novas câmaras usando métodos modernos seria valioso, mas desafiador devido ao custo, esforço e densa população na área.
Infelizmente, a muografia não pode revelar o que está dentro da câmara, pois não consegue resolver objetos menores que 10 cm de tamanho. Os pesquisadores só podem ver a forma aproximada da sala, mas não detalhes menores como ossos.