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Tsar Bomba: a arma nuclear soviética que era poderosa demais para uma guerra

Luciana Calogeras

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Tsar Bomb
O poder assustador da Tsar Bomba, a arma mais devastadora criada na Guerra Fria, e as reflexões pós-detonção sobre o uso de armas nucleares

Durante a corrida armamentista da guerra fria, a ideia dos russos era simples: a de criar uma bomba nuclear que pudesse colocar a União Soviética à frente dos Estados Unidos em termos nucleares. O objetivo não era outro senão assustar o resto do mundo e colocar a União Soviética à frente do poderio bélico e militar da época. E, por incrível que pareça… a realidade era muito mais assustadora do que se podia imaginar: a bomba Tsar foi muito mais devastadora do foi projetada para ser.

Pesando mais de 30 toneladas e com quase 8 metros de comprimento, a Tsar era semelhante às bombas ‘Little Boy’ e ‘Fat Man’ que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos, 15 anos antes.

Tsar Bomba
Wikimedia Commons

A Tsar era tão grande que não cabia dentro do maior avião soviético existente na época, de forma que alguma aeronave precisaria ser desenvolvida especialmente para poder levar a bomba ao seu local de lançamento.

Desta maneira, o Tupolev, um grande avião militar projetado para transportar explosivos, foi selecionado para levar a Tsar bomba ao seu destino: a ilha de Novaya Zemlya, no Mar de Barents, um local pouco povoado ao norte da Escandinávia e noroeste da URSS.

Para dar aos aviões a chance de sobreviver, a Tsar bomba seria lançada por meio de um paraquedas, que desceria a uma altura predeterminada antes de detonar. Esperançosamente, até lá, os dois aviões estariam a quase 50 km de distância, de modo que sua chance de sobrevivência mais alta seria a de meros 50%.

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Bem, tudo correu conforme o planejado até que a bomba foi lançada. Às 11h32, horário de Moscou, a bomba Tsar detonou, criando uma bola de fogo de oito quilômetros de largura e que podia ser vista a 1.000 quilômetros de distância. A nuvem de cogumelo resultante tinha 65 km de altura, espalhando-se por mais de 100 km de ponta a ponta.

Tsar Bomba
Pixabay

A energia liberada foi equivalente à detonação de 57 milhões de toneladas de TNT – isto é mais do que Hiroshima e Nagasaki juntas! Além disso, a Tsar bomba foi mais de dez vezes poderosa do que todas as munições gastas durante a Segunda Guerra Mundial juntas.

A onda de choque produzida orbitou a Terra três vezes e a vila de Severny em Novaya Zemlya, a 55 km de distância do local da explosão, foi completamente devastada. Até mesmo cidades a menos de 160 quilômetros da explosão sentiram os danos e relataram casas desmoronando, janelas quebrando e telhados cedendo, plenamente destruídos, com a detonação da bomba nuclear mais poderosa da história.

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Apesar de a comunicação de rádio ter sido interrompida por mais de uma hora, o avião o Tupolev sobreviveu, mas por pouco: a onda de choque fez com que o avião gigante caísse mais de 1000 metros antes que o piloto pudesse recuperar o controle.

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Avião Tupolev/ Wikimedia Commons

A União Soviética recebeu condenação internacional dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e Suécia e foi só depois disso que a verdade foi revelada.

Para se ter ideia, antes da detonação da bomba os russos tinham feito uma pequena mudança no design para diminuir o dano que a Tsar Bomba infligiria – o que significa que seu poder teria sido duas vezes superior ao que de fato foi.

A destruição provocada pela Tsar fez com que o arquiteto por trás do plano, Andrei Sakharov, renunciasse a todas as armas nucleares, além de ter dedicado sua vida a livrar o mundo delas.

Ele percebeu que, se uma bomba maior que essa fosse lançada, ela não seria repelida da terra por sua própria onda de explosão, como aconteceu com a Tsar, e causaria uma devastação global irremediável.

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.