A relação entre o presidente Donald Trump e o bilionário Elon Musk, que já teve fases de aparente colaboração, mergulhou recentemente em águas turbulentas e públicas. O estopim? Uma combinação explosiva envolvendo acusações de uso de drogas e uma briga política de alto nível.
Tudo começou quando o jornal The New York Times publicou uma reportagem citando fontes que afirmavam que Musk usava regularmente substâncias como cetamina, ecstasy, cogumelos psicoativos e Adderall.
O artigo sugeria que o uso era tão frequente – às vezes diário no ano passado – que Musk teria até reclamado de problemas de bexiga ligados à cetamina. As fontes não confirmaram se isso ocorreu durante seu trabalho no Departamento de Eficiência do Governo (DOGE) ou na campanha eleitoral de 2024.
Musk reagiu com fúria. Ele negou veementemente as alegações em sua rede social, X (antigo Twitter), classificando a reportagem como “mentiras descaradas”. Ele admitiu ter usado cetamina com prescrição médica “há alguns anos”, algo que já havia declarado publicamente, e afirmou que isso o ajudou em momentos difíceis, mas garantiu que não usa mais a substância.
A polêmica chegou até Trump. Questionado esta semana se Musk teria usado drogas durante uma visita à Casa Branca, o presidente respondeu de forma evasiva: “Eu realmente não sei, acho que não, espero que não”. Ele completou com um “Desejo-lhe bem… desejo-lhe muito bem, na verdade”. A declaração, porém, soou mais como um cumprimento protocolar do que um apoio genuíno, dado o contexto.
Porque, paralelamente às acusações de drogas, Trump e Musk tiveram um desentendimento feio. O estremecimento aconteceu depois que Musk deixou sua posição no DOGE.
O motivo aparente foi a crítica pública feita pelo bilionário ao grande projeto de lei de Trump, chamado de “grande e belo projeto”, que incluía isenção de impostos para a Previdência Social e para horas extras e gorjetas.
A resposta de Musk foi agressiva. Ele tentou ligar Trump aos arquivos de Jeffrey Epstein em tuítes que posteriormente apagou. Mais contundente ainda, ele endossou publicamente um tuíte de outro usuário que pedia o impeachment de Trump e sua substituição pelo vice-presidente JD Vance. Musk respondeu ao tuíte com um simples “sim”.
Trump revidou nas redes. No Truth Social, ele acusou Musk de estar “ficando insuportável” e afirmou ter pedido sua saída do DOGE. Ele também se vangloriou de ter retirado o mandato para carros elétricos, que Musk sabia “há meses” que ele faria, e atribuiu a reação furiosa do bilionário a essa decisão. Trump disse que Musk “ficou LOUCO!”.
O relacionamento entre Trump e Musk azedou na semana passada.
Musk, claro, não deixou barato. Ele rotulou as declarações de Trump como uma “mentira óbvia” e as considerou “tão tristes”. O bate-boca continuou nas entrevistas de Trump.
Perguntado sobre a possibilidade de uma conversa de reconciliação com Musk, Trump retrucou: “Você quer dizer o homem que perdeu a cabeça?”, acrescentando que não estava “particularmente” interessado em conversar. À CNN, ele foi mais direto: “Nem estou pensando no Elon. Ele tem um problema. O coitado tem um problema.”
O que começou com acusações veladas sobre comportamento pessoal transformou-se rapidamente em um conflito aberto e amargo entre duas das figuras mais poderosas e midiáticas do mundo. A parceria política parece ter ruído, substituída por uma troca pública de farpas e acusações que mantém o público e a imprensa atentos ao próximo capítulo dessa inusitada disputa.