Imagine descobrir uma relíquia que tem histórias de civilizações antigas gravadas em sua essência. Pascal Butterlin, líder francês de uma escavação arqueológica, recentemente teve essa experiência incrível no Iraque. E não estamos falando de qualquer artefato. Trata-se de uma escultura de 18 toneladas, com impressionantes 3,8 por 3,9 metros. A reação de Butterlin foi de puro assombro, dizendo: “Nunca desenterrei algo tão grande em minha vida.” Vale ressaltar que descobertas colossais como essa normalmente são associadas a regiões como Egito ou Camboja. No entanto, lá estava ela, no Iraque.
Ao examinar os detalhes desta descoberta espetacular, a complexidade do artesanato é verdadeiramente surpreendente. Butterlin, que também é professor de arqueologia do Oriente Médio na prestigiada Universidade de Paris I Pantheon-Sorbonne, ficou profundamente impressionado, enfatizando: “A atenção aos detalhes é inacreditável.”
Mas qual é a história por trás dessa descoberta monumental?
Esta majestosa escultura outrora ficava à entrada da antiga cidade de Khorsabad. Localizada a uma curta distância ao norte da cidade moderna de Mosul – aproximadamente 15 quilômetros – a peça retrata o Lamassu. Para aqueles que não estão familiarizados com a antiga mitologia assíria, o Lamassu é uma divindade reverenciada que possui uma cabeça humana, o corpo robusto de um touro e as amplas asas de um pássaro. Não é apenas uma representação de habilidade artística; é um símbolo de significado cultural e religioso.
Rastreando suas origens, esta obra de arte foi encomendada durante o reinado do Rei Sargão II, que governou de 722 a 705 a.C. Historicamente, os governantes colocavam figuras como essa nos portões das cidades. Seu propósito? Servir como protetores e guardiões vigilantes.
Curiosamente, a existência deste Lamassu foi inicialmente mencionada no século XIX pelo arqueólogo francês Victor Place. No entanto, com o tempo, ele misteriosamente desapareceu dos registros públicos. Somente nos anos 90 essa relíquia ressurgiu. Infelizmente, foi durante este período que saqueadores, reconhecendo seu valor, audaciosamente pilharam a cabeça do Lamassu, cortando-a em pedaços para contrabando. Felizmente, a cabeça teve um desfecho positivo, sendo confiscada e abrigada com segurança no Museu do Iraque, em Bagdá.
Quanto ao restante da escultura, ela escapou por pouco de um destino sombrio durante os tempos turbulentos quando o grupo jihadista Estado Islâmico tomou a área em 2014. Graças aos proativos moradores da vila moderna de Khorsabad, a relíquia foi escondida e protegida. Eles garantiram sua preservação escondendo-a antes de buscar refúgio em território controlado pelo governo.