O jogo de PS2 mais perigoso de se ter pode levar à prisão se você possuir uma cópia dele

por Lucas Rabello
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Em 2004, o lançamento de um jogo de videogame se transformou em um pesadelo legal, criando ondas na indústria de jogos que continuam a afetar colecionadores até hoje. The Guy Game, desenvolvido pela TopHeavy Studios, surgiu como mais do que apenas um título de jogo controverso – tornou-se um conto de advertência sobre a devida diligência e consentimento na produção de mídia.

A premissa do jogo parecia simples: os jogadores participavam de uma competição de perguntas e respostas multiplayer. No entanto, o sistema de recompensas envolvia a revelação progressiva de imagens de mulheres fotografadas durante as festas de primavera (spring break). “O Homem decidiu que nossa apresentação divertida e hilária das festividades de spring break simplesmente não era apropriada para o mundo dos jogos”, afirmou mais tarde a TopHeavy Studios em seu site, após enfrentar as consequências legais.

Os métodos da equipe de produção incluíam visitar South Padre Island, no Texas, durante o spring break. Eles abordavam mulheres presentes nas festas, oferecendo uma compensação de 20 dólares para participar de uma combinação de perguntas de trivia e fotografias topless. Embora os produtores afirmassem ter verificado a identificação, seu processo de verificação mostrou-se inadequado.

A distribuição do jogo foi abruptamente interrompida quando um jogador reconheceu sua irmã entre as mulheres apresentadas. A mulher, referida nos documentos legais como “Jane Doe”, tinha 17 anos quando foi filmada – um fato que transformou o jogo de controverso para ilegal. Ela havia fornecido informações falsas sobre sua idade durante as filmagens.

Essa revelação gerou uma ação legal imediata. Jane Doe entrou com um processo contra a TopHeavy Studios, resultando em uma liminar judicial que encerrou a distribuição do jogo. As implicações legais se estenderam além do editor para potencialmente afetar qualquer pessoa em posse do jogo, já que ele tecnicamente continha conteúdo ilegal.

O caso expôs falhas significativas no processo de produção e levantou questões sobre consentimento e verificação de idade na produção de mídia. Embora o tribunal não tenha classificado explicitamente o conteúdo como material de abuso infantil, a presença de uma participante menor de idade tornou a posse do jogo ilegal.

Hoje, The Guy Game existe como um título proibido que não pode ser legalmente possuído ou transmitido em plataformas como o Twitch. Sua história representa mais do que apenas mais uma entrada na história de controvérsias dos jogos – ao lado das críticas comuns aos videogames sobre violência, vício e representação, destaca-se como um exemplo específico de como a falta de supervisão pode transformar um produto comercial em contrabando.

A indústria de jogos enfrentou várias críticas ao longo dos anos, desde preocupações sobre conteúdo violento até debates sobre vício e efeitos psicológicos. No entanto, as questões legais de The Guy Game ultrapassaram as controvérsias típicas dos jogos para o território criminal, tornando-o um dos poucos videogames que são realmente ilegais de possuir.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.