Uma explosão colossal no Sol, registrada por satélites da NASA nesta semana, chamou a atenção de astrônomos e entusiastas do clima espacial. O fenômeno, que se estendeu por quase 1 milhão de quilômetros na superfície solar, foi descrito como uma erupção em formato de “asa de pássaro” ou “asa de anjo” pelo caçador de auroras Vincent Ledvina. Apesar da beleza do evento, os cientistas alertam que parte da energia liberada poderá atingir a Terra nesta quinta-feira, 16 de maio de 2025, com possíveis efeitos em sistemas tecnológicos.
As ejeções de massa coronal (CMEs), como são conhecidas essas explosões, são grandes liberações de partículas carregadas e campos magnéticos do Sol. Quando direcionadas para a Terra, podem desencadear tempestades geomagnéticas — distúrbios no campo magnético do planeta.
Essas tempestades ocorrem quando as partículas solares interagem com a magnetosfera terrestre, podendo afetar satélites, redes de energia e sistemas de navegação por GPS. Por outro lado, também são responsáveis por espetáculos de auroras boreais e austrais, visíveis em regiões próximas aos polos.
A física especialista em clima espacial Tamitha Sjov destacou em suas redes sociais que, embora a maior parte da ejeção deva passar longe da Terra, uma porção residual pode “esbarrar” em nosso planeta no dia 16 de maio. Ela comparou o fenômeno a um “despertar” do Sol, que esteve em um período de baixa atividade recentemente. A erupção registrada é a primeira do tipo X — a classe mais intensa de explosões solares — desde março de 2025, segundo o físico Halo CME. Esse tipo de evento está associado a ondas de choque capazes de gerar pequenas tempestades de partículas energéticas solares (SEP).
Jake Foster, astrônomo do Observatório Real de Greenwich, explica que estruturas de plasma superaquecido, que seguem as linhas do campo magnético solar, podem se romper e ser lançadas no espaço. Quando essas partículas de alta energia chegam à atmosfera terrestre, têm potencial para interromper comunicações por rádio e sistemas de satélites. Em casos extremos, poderiam sobrecarregar redes elétricas, danificar ferrovias e até provocar incêndios. No entanto, o Escritório de Meteorologia do Reino Unido ressalta que as previsões atuais indicam CMEs de baixa intensidade, com impacto limitado.
The Earth-facing side of our Sun has been taking a bit of a nap recently, but finally did something noteworthy! Check out this gorgeous "bird wing" filament eruption today. Thus far, it looks like it will mostly miss us, but we could get the wake of the structure passing by Earth… pic.twitter.com/Eppnw2jmuB
— Dr. Tamitha Skov (@TamithaSkov) May 13, 2025
Apesar dos possíveis riscos, eventos como este também oferecem oportunidades para estudos científicos. Monitorar a atividade solar ajuda a aprimorar a previsão de tempestades geomagnéticas, essencial para proteger infraestruturas críticas. Enquanto agências espaciais acompanham a trajetória das partículas, moradores de países em latitudes elevadas, como Canadá e Noruega, aguardam ansiosos a chance de observar auroras mais brilhantes e extensas.
Para entender melhor o fenômeno, é importante diferenciar conceitos: uma CME é uma nuvem de plasma e campo magnético expelida pelo Sol, enquanto uma tempestade geomagnética é o resultado da interação dessas partículas com a Terra. A velocidade e a direção das ejeções determinam a gravidade dos efeitos. Neste caso, a expectativa é de que apenas a “beirada” da nuvem atinja o planeta, reduzindo a probabilidade de danos significativos.
Enquanto o Sol segue seu ciclo de 11 anos, que atinge o próximo pico em 2025, eventos como esse devem se tornar mais frequentes. A comunidade científica reforça a importância de investir em tecnologias de proteção, como satélites mais resistentes e redes elétricas adaptáveis, para minimizar os impactos das tempestades solares no futuro.