Em dezembro de 1968, um caso de sequestro chamou a atenção nacional quando Barbara Jane Mackle, uma estudante de 20 anos da Universidade de Emory e herdeira da fortuna da Deltona Corp, tornou-se alvo de um esquema elaborado de sequestro.
O incidente teve início em um motel onde Mackle estava hospedada com sua mãe Jane, após ter passado mal na escola. “O som da terra foi ficando cada vez mais distante. Finalmente, não consegui mais ouvir nada acima de mim. Gritei por muito tempo depois disso”, escreveu Mackle em seu diário, descrevendo os momentos aterrorizantes de sua provação.
Os perpetradores, Gary Steven Krist, um condenado fugitivo, e sua cúmplice Ruth Eisemann-Schier, executaram seu plano às 4 da manhã. Fingindo ser autoridades, eles alegaram que o namorado de Mackle havia sofrido um acidente. Quando Jane abriu a porta, a dupla mascarada as dominou, utilizando clorofórmio para subjugar a mãe.
Os sequestradores transportaram Mackle para o Condado de Gwinnett, onde a colocaram em uma caixa ventilada, equipada com tubos de ar, comida, água e sedativos. Eles a enterraram a cerca de 45 centímetros de profundidade, iniciando um pesadelo de três dias que testaria sua resiliência.
Tommy Morris, ex-oficial de condicional de Krist, revelou um motivo inesperado por trás do crime. “Ele estava procurando uma mulher rica e de mente forte”, explicou Morris à UPI. “Alguém que pudesse suportar o trauma de ser enterrada viva. Barbara Jane Mackle se encaixava nesse perfil.” Segundo Morris, o resgate de $500.000 exigido dos herdeiros da Deltona Corp era secundário ao objetivo principal de Krist: provar que ele poderia manter alguém vivo debaixo da terra.
Durante seu confinamento subterrâneo, Mackle manteve a compostura focando em pensamentos sobre a manhã de Natal com sua família. Enquanto isso, seus sequestradores conseguiram coletar o resgate de sua família, cuja empresa estava avaliada em $65 milhões na época.
O caso chegou a um ponto crucial quando os sequestradores revelaram a localização de Mackle ao FBI, levando ao seu resgate. As forças da lei rapidamente capturaram Krist na costa da Flórida, onde ele havia comprado uma lancha com o dinheiro do resgate. Eisemann-Schier evitou a captura por vários meses, até que inadvertidamente revelou sua identidade através de impressões digitais fornecidas durante uma candidatura de emprego em um hospital de Oklahoma.
As consequências legais foram rápidas e severas. Krist recebeu uma sentença de prisão perpétua por seu papel no sequestro. Eisemann-Schier foi deportada para Honduras após sua prisão. O caso destacou os métodos sofisticados empregados por sequestradores no final dos anos 1960 e demonstrou a eficácia da intervenção do FBI em casos de sequestro de alto perfil.
Este incidente tornou-se um capítulo significativo na história criminal da Flórida, mostrando tanto as sombrias possibilidades do comportamento humano quanto a notável resiliência de uma jovem que suportou uma provação inimaginável.