Um experimento inovador na Alemanha explorando a implementação de uma semana de trabalho de quatro dias revelou resultados convincentes, com 73% das empresas participantes expressando sua intenção de manter as horas de trabalho reduzidas. A iniciativa, que começou no final de 2023, seguiu o modelo 100-80-100: mantendo 100% dos salários enquanto reduzia as horas de trabalho para 80% e preservava 100% da produtividade.
O experimento envolveu 45 empresas de diversos setores, desde pequenas empresas com menos de dez funcionários até grandes corporações empregando mais de 250 pessoas. Os setores representados incluíram manufatura, seguros, tecnologia, mídia, comércio e educação, proporcionando uma visão abrangente da viabilidade do modelo em diferentes contextos empresariais.
As empresas adotaram abordagens diversas para implementar as horas reduzidas. Algumas optaram por escalas assíncronas, onde as equipes operavam em horários diferentes para manter a continuidade das operações. Outras optaram por uma semana de trabalho de 4,5 dias, estendendo proporcionalmente os feriados dos funcionários. Essa flexibilidade na implementação permitiu que as empresas adaptassem o modelo às suas necessidades específicas.
Os resultados mostraram que 20% das empresas que planejam continuar com as horas reduzidas farão pequenos ajustes no sistema atual. Apenas 20% das empresas participantes indicaram que retornariam ao modelo de trabalho anterior, enquanto 7% permaneceram indecisas.
Os indicadores de produtividade revelaram padrões interessantes, semelhantes aos observados em experimentos anteriores conduzidos em Valência, Portugal, Reino Unido e África do Sul. As empresas mantiveram ou aumentaram ligeiramente seus níveis de produtividade, apesar da redução das horas de trabalho. Isso foi alcançado através de várias estratégias de otimização: 60% das empresas reduziram a frequência e a duração das reuniões, enquanto 25% incorporaram novas ferramentas digitais para agilizar seus processos.
O impacto no bem-estar dos funcionários foi significativo. Metade dos trabalhadores relatou melhorias substanciais em seu bem-estar geral. Treze por cento notaram melhorias em aspectos específicos de sua vida profissional, e 31% relataram mudanças positivas modestas. Apenas 6% não observaram melhora. Os trabalhadores ganharam uma média de 38 minutos adicionais de sono por semana e aumentaram sua participação em atividades esportivas. Essas mudanças no estilo de vida contribuíram para níveis reduzidos de estresse durante a semana de trabalho e resultaram em um aumento de oito pontos na retenção de funcionários.
A associação empresarial alemã BDA, embora não apoie explicitamente a redução das horas de trabalho, defende a flexibilidade no local de trabalho. O diretor administrativo da BDA, Steffen Kampeter, afirmou: “No seu caso, trabalhe mais de segunda a quinta-feira e tire as sextas-feiras de folga. Empresas e funcionários podem concordar com isso.”
O experimento demonstrou que as organizações podem manter a eficácia operacional enquanto oferecem aos funcionários um equilíbrio melhor entre vida profissional e pessoal por meio de várias abordagens de agendamento. A satisfação dos funcionários melhorou junto com níveis estáveis de produtividade, sugerindo que a redução das horas de trabalho pode oferecer uma alternativa viável aos horários de trabalho tradicionais no ambiente de negócios moderno.
O sucesso do programa piloto soma-se ao crescente corpo de evidências de experimentos semelhantes em todo o mundo, indicando que arranjos de trabalho alternativos podem beneficiar tanto empregadores quanto funcionários quando implementados de forma cuidadosa e com adaptações apropriadas para contextos empresariais específicos.