Um voo rotineiro da EgyptAir, que partiu de Alexandria com destino ao Cairo, transformou-se em um incidente internacional no dia 29 de março de 2016, quando Seif Eldin Mustafa, um passageiro de 59 anos, sequestrou a aeronave. Menos de meia hora após a decolagem, Mustafa, usando o que parecia ser um cinto de explosivos, obrigou o piloto a redirecionar o avião para o Aeroporto Internacional de Larnaca, no Chipre.
O Airbus, que transportava cerca de 70 passageiros, tornou-se o centro de um impasse tenso no aeroporto cipriota. Mustafa liberou cerca de 40 passageiros, mas continuou no controle da aeronave. Suas exigências eram incomuns: ele pediu que a polícia mantivesse distância e solicitou asilo político. De forma dramática, jogou uma carta escrita em árabe na pista e pediu que ela fosse entregue à sua ex-esposa, Marina Parashkou, que vivia na vila de Oroklini, nas proximidades.
A situação tomou um rumo inesperado quando o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, anunciou que o motivo do sequestro não era terrorismo, mas questões pessoais relacionadas à ex-esposa de Mustafa. Após vê-la, Mustafa alterou suas exigências, pedindo que o Egito libertasse suas prisioneiras.
Entre os reféns que permaneceram a bordo, havia cidadãos da Grã-Bretanha, Estados Unidos, Itália, Holanda, França e Bélgica. Um dos passageiros, Ben Innes, de Leeds, que estava voltando de uma viagem de negócios, tomou uma decisão inusitada que mais tarde capturaria a atenção mundial. Ele se aproximou de Mustafa e pediu para tirar uma selfie.
“Eu imaginei que, se a bomba fosse real, não tinha nada a perder de qualquer forma”, disse Innes mais tarde ao jornal The Sun. A fotografia resultante mostrava Innes sorrindo ao lado de Mustafa, que exibia o suposto cinto de explosivos. Innes explicou sua atitude: “Pedi a um dos comissários de bordo para traduzir para mim e perguntei se podia tirar uma selfie com ele. Ele apenas deu de ombros e disse ‘ok’, então fui até ele, sorri para a câmera e uma comissária tirou a foto.”
Desconfiado de que o dispositivo explosivo fosse falso, Innes retornou ao seu assento e compartilhou a foto com amigos no Reino Unido via WhatsApp, junto com a mensagem: “Vocês sabem que o garoto aqui não brinca em serviço! Liga na TV, caras!” Uma comissária de bordo, Naira Atef, também aproveitou para tirar uma foto com o sequestrador.
A crise foi encerrada quando Mustafa se rendeu às forças antiterrorismo. Suas palavras finais às autoridades revelaram o caráter pessoal de suas ações: “O que alguém deve fazer quando não vê a esposa e os filhos há 24 anos?” O incidente terminou com todos os reféns libertados em segurança, enquanto a atitude espontânea de Innes tornou-se um detalhe inesperado e curioso desse sequestro incomum.