Uma série de incidentes preocupantes envolvendo aeronaves da Boeing levou a revisões imediatas de segurança na indústria aérea da Coreia do Sul. O caso mais grave ocorreu em 29 de dezembro, no Aeroporto Internacional de Muan, onde um Boeing 737-800 da Jeju Air sofreu um acidente que resultou na morte de 179 pessoas, sendo considerado o pior desastre aéreo da história do país.
O incidente aconteceu quando a aeronave realizou duas tentativas de pouso. Durante a segunda tentativa, após um alerta de colisão com pássaros, os pilotos emitiram um sinal de socorro. O Boeing 737-800, com 15 anos de uso, aterrissou sem o trem de pouso dianteiro, o que levou a uma sequência catastrófica: a aeronave ultrapassou a pista, colidiu com uma barreira de concreto e explodiu em chamas. Apenas dois tripulantes sobreviveram ao acidente.
Aumentando as preocupações na aviação, outro incidente envolvendo uma aeronave da Boeing ocorreu no dia seguinte, em 30 de dezembro. O voo 7C101 da Jeju Air partiu do Aeroporto Internacional de Gimpo, em Seul, às 6h37, mas foi forçado a retornar menos de uma hora depois devido a problemas no trem de pouso.
Durante uma coletiva de imprensa, Song Kyung-hoon, do escritório de suporte à gestão da Jeju Air, explicou: “Pouco depois da decolagem, um sinal indicando um problema no trem de pouso foi detectado pelo sistema de monitoramento da aeronave.” Ele acrescentou: “Às 6h57, o capitão se comunicou com o controle terrestre e, após medidas adicionais, o trem de pouso voltou a operar normalmente.”
Os eventos recentes levaram as autoridades sul-coreanas a tomarem medidas imediatas. O presidente interino Choi Sang-mok, que assumiu o cargo em 27 de dezembro, criou uma força-tarefa para lidar com as preocupações relacionadas à aviação. “O cerne de uma resposta responsável seria renovar totalmente os sistemas de segurança da aviação para prevenir recorrências de incidentes semelhantes e construir uma República da Coreia mais segura”, declarou Choi, que também ocupa os cargos de vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças.
O especialista em aviação David Learmount, editor de operações e segurança da revista Flight International, apontou problemas de infraestrutura no Aeroporto Internacional de Muan. Em entrevista à Sky News, ele criticou a presença de uma barreira de concreto próxima à pista: “Não há justificativa [para a barreira estar lá]; eu diria que é quase criminoso tê-la ali. Esse tipo de estrutura não deveria existir. Isso é terrível. É incrivelmente terrível.”
Em resposta a esses incidentes, as autoridades sul-coreanas iniciaram inspeções de segurança abrangentes em todas as aeronaves Boeing 737-800 operadas pelas companhias aéreas do país. A investigação sobre a causa exata do acidente fatal continua, com as autoridades analisando todos os aspectos do caso para evitar novos episódios semelhantes.