Um estudo publicado no “Journal of Hospital Infection“, realizado pela Universidade de Leeds, do Reino Unido, concluiu que os secadores de mãos com jatos de ar afetam consideravelmente a presença de bactérias no ar em ambientes sanitários. A pesquisa foi realizada levando em consideração análises feitas em três banheiros localizados em hospitais distintos ao redor da Europa.
É importante ressaltar que a pesquisa foi financiada pela European Tissue Symposium, uma organização que representa fabricantes de papel-toalha na Europa. Entretanto, a Universidade de Leeds garante que “a pesquisa foi concebida, desenhada, conduzida e interpretada de forma independente e passou por análises de especialistas que não estavam envolvidos no estudo”.

Os secadores com jatos de ar são utilizados por diversos estabelecimentos públicos e privados de grande circulação, como shopping centers, lojas, restaurantes e até mesmo hospitais. Eles representam uma solução e uma alternativa para o papel, que costuma ter impacto financeiro considerável nos estabelecimentos, além do problema ambiental que envolve a fabricação do papel. Entretanto, a pesquisa em questão levanta mais uma vez uma exclamação no que tange à segurança destes equipamentos e o potencial nocivo deles em nossa saúde.
Para analisar se os secadores realmente afetavam a presença de bactérias e microrganismos nocivos à saúde, os pesquisadores elegeram para a pesquisa três hospitais localizados em Leeds, Paris e Udine (Itália). Em cada um dos estabelecimentos, a equipe selecionou dois sanitários utilizados por funcionários, pacientes e visitantes, onde foram alternados períodos de utilização de secadores por jato de ar e dispensadores tradicionais de papel.
Após a análise de amostras do ar dos banheiros em cada um dos momentos da pesquisa (com a utilização de dispensadores de papel e jatos de ar) ficou comprovado que a tecnologia dos secadores influenciava diretamente a presença de bactérias no ar em até 100 vezes, como foi observado em um dos banheiros de Udine, na Itália. Em Paris e Leeds, o aumento da presença de bactérias nas amostragens de ar ficou entre 20 e 30 vezes.
“Múltiplos exemplos de diferenças significativas na contaminação bacteriana, incluindo por bactérias fecais e resistentes a antibióticos foram observadas, […]. O método de secagem de mãos afeta o risco de disseminação aérea de bactérias em configurações aplicáveis ao mundo real”, concluíram os pesquisadores, liderados pelo professor Mark Wilcox.
De acordo com a equipe, um dos principais problemas que leva a esse risco maior de contaminação por meio do método de secagem das mãos é o fato de que as pessoas não sabem fazer a higiene de forma correta após a utilização do banheiro.
“O problema começa quando algumas pessoas não lavam suas mãos corretamente. Por conta disso, o secador (com jato de ar) cria um aerossol que contamina todo o banheiro, incluindo o próprio equipamento e potencialmente a pia, piso e outras superfícies, dependendo do design do aparelho. Por outro lado, o papel absorve a água e micróbios que ficam nas mãos, e se ele é descartado corretamente, há um menor potencial de contaminação cruzada”, explicou o pesquisador no material publicado pela Universidade de Leeds.