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Sapo-cururu: Conheça o sapo gigante que vive no Brasil

Lucas R.

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Sapo-cururu
Conheça o sapo-cururu, o maior anfíbio da América do Sul, que combina mistério, biologia e significado cultural em sua fascinante existência.

A América do Sul é um continente repleto de florestas densas, cachoeiras majestosas e uma rica diversidade de vida selvagem. E, no meio de toda essa biodiversidade, destaca-se uma estrela: o sapo-cururu. Embora seu nome possa parecer um ritmo musical, esse ser é realmente um sapo e fascinante por sinal.

Vamos nos aprofundar na vida intrigante do sapo-cururu e descobrir por que ele é mais do que apenas um anfíbio saltitando pela vasta paisagem sul-americana.

O que é o Sapo-Cururu?

O sapo-cururu, batizado cientificamente de Rhinella diptycha, é considerado o maior anuro (um termo elegante para anfíbios que inclui sapos e rãs) da América do Sul. Esses sapos ostentam um tamanho impressionante, com machos medindo em média cerca de 13 centímetros e fêmeas chegando a 15 centímetros. Alguns, porém, ultrapassam essas medidas, atingindo incríveis 25 centímetros! Sua paleta de cores varia do claro ao escuro, adornada com manchas marrons chamativas.

O maior sapo do mundo e a morte de Toadzilla

Sapo-cururu Toadzilla
Sapo-cururu Toadzilla teve que ser sacrificado

O Parque Nacional de Conway, na Austrália, foi palco de uma descoberta surpreendente feita pelo guarda-florestal Kylee Gray: um enorme sapo-cururu, que rapidamente recebeu o apelido de “Toadzilla” devido ao seu peso de 2,7 kg. Acredita-se que o sapo, identificado como uma fêmea de vários anos, poderia ter vivido até 15 anos na natureza.

Infelizmente, devido à natureza invasora da espécie na Austrália, Toadzilla foi sacrificado pouco tempo após sua descoberta. O sapo-cururu foi introduzido na região em 1935 para combater uma praga de besouros da cana. No entanto, a medida se voltou contra os australianos. Os sapos não só falharam em controlar os besouros, como também proliferaram rapidamente, graças à sua alta capacidade reprodutiva e dieta oportuna, consumindo tanto matéria viva quanto morta.

Hoje, acredita-se que existam mais de 200 milhões de sapos-cururu na Oceania. Originários da América do Sul e Central, esses sapos não possuem predadores naturais na Austrália, o que contribuiu para sua disseminação. O Museu de Queensland demonstrou interesse no corpo de Toadzilla, pois ele poderia ser o maior sapo-cururu já registrado, superando o recorde anterior de um sapo que pesava 2,6 kg.

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Onde ele vive?

O sapo-cururu é amplamente distribuído. Ele pode ser encontrado em quase todas as regiões do país, desde o Norte, no coração da Amazônia, passando pelo Centro-Oeste, nas áreas do Cerrado, até o Sul do Brasil. Devido à sua adaptabilidade, ele é capaz de viver em diferentes habitats, incluindo:

Áreas Urbanas: Não é raro encontrá-los em cidades, sobretudo em áreas periurbanas, jardins, quintais e até mesmo em áreas mais centrais. Sua presença em ambientes urbanos é frequentemente associada à busca por alimentos, como insetos atraídos por luzes.

Florestas e Matas: No interior das florestas, eles podem ser encontrados em clareiras, margens de rios e lagoas. Eles se aproveitam da umidade do ambiente e da abundância de alimentos.

Áreas Abertas e Agriculturais: Em áreas de pastagem ou cultivo, o sapo-cururu pode ser atraído pela presença de insetos e outras pequenas presas.

Regiões de Brejos e Alagados: O sapo-cururu também gosta de áreas alagadas e brejos, que oferecem um ambiente ideal para sua reprodução. Durante o período reprodutivo, os machos costumam vocalizar à beira de lagoas e poças d’água para atrair as fêmeas.

O que o sapo-cururu come?

No que diz respeito à sua dieta, o sapo-cururu não é nada exigente. Este carnívoro se delicia com uma variedade de invertebrados, desde insetos, especialmente besouros e formigas, até aranhas. E tem mais! Ocasionalmente, eles variam o cardápio saboreando pequenos vertebrados como pássaros e até roedores. É intrigante seu ocasional interesse por materiais vegetais. Se isso é um lanche acidental durante a captura de presas ou uma escolha alimentar consciente, ainda é um mistério.

Reprodução e ciclo de vida

Aqui está a parte particularmente empolgante. Os hábitos reprodutivos do sapo-cururu são explosivos. Não, não literalmente. Sua reprodução é um evento rápido e sincronizado, ocorrendo principalmente entre os meses frescos de julho e outubro. Os machos seduzem as fêmeas com suas vocalizações profundas não apenas durante a estação de acasalamento, mas durante todo o ano. E o resultado? Mais de 5.000 ovos, depositados em uma forma gelatinosa e filamentosa, fixados firmemente em plantas aquáticas.

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Veneno do sapo-cururu

O sapo-cururu possui um eficaz mecanismo de defesa. Suas glândulas parótidas e paracnemais produzem um veneno capaz de afastar predadores, como cobras. Esse veneno pode causar sintomas que variam de leves, como náuseas, a graves, como paralisia ou até mesmo morte. No entanto, fique tranquilo! Eles não querem prejudicar os humanos. Só liberam esse veneno quando pressionadas suas glândulas. Portanto, desde que não tente comê-los ou incomodá-los, tudo estará bem.

A conexão cultural

O veneno do sapo-cururu não é apenas um fenômeno biológico; ele também tem um papel nas culturas humanas. Comunidades indígenas da América do Sul utilizam seu poder para caça e pesca, untando as pontas de suas zarabatanas com ele. Já em culturas orientais, esse veneno é valorizado por suas propriedades medicinais, sendo usado em tratamentos que vão desde dores de dente até problemas cardíacos.

Conclusão

O sapo-cururu, um notável habitante da América do Sul, é uma combinação de mistério, biologia e significado cultural. Conforme exploramos sua vida, habitat e características únicas, fica claro que sempre há mais do que aparenta no mundo dos anfíbios. Seja você um amante fervoroso dos animais ou apenas alguém fascinado pelas maravilhas da natureza, o sapo-cururu com certeza tem uma história fascinante a contar. E lembre-se, se algum dia se aventurar pela mata ou caso encontre um no ambiente doméstico, tenha respeito por essas incríveis criaturas que saltam por estas terras muito antes de nossa chegada.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.