Quando pensamos em países com a história manchada por ditadores sanguinários é natural que nossa mente se lembre automaticamente, por exemplo, da Alemanha Nazista de Adolf Hitler. No entanto, existe um outro país europeu que normalmente é esquecido quando o assunto é o seu passado “macabro”.

Estamos falando da Bélgica, que sob o comando do Rei Leopoldo II cometeu atrocidades, principalmente no Congo, que por algum motivo não são tão divulgadas como outros escândalos. O rei, basicamente, comandava quase que se concorrência, uma rede gigantesca de escravos no Congo, que à época era chamado de “Estado Livre do Congo”.
Não que as coisas fossem pacíficas nas colônias administradas por outros países, mas naquelas comandadas por Leopoldo II tudo era feito para o seu enriquecimento particular, sem nenhum tipo de remorso.
Seu reinado começou em 1865, em uma época onde a expansão territorial já era uma realidade para outros países há muito tempo. Convicto de que o sucesso a prosperidade de uma nação dependia diretamente do lucro que ela conseguia arrecadar por meio de suas colônias e territórios além do mar, Leopoldo II começou a fazer pressão no senado para garantir que a Bélgica não ficasse para trás neste quesito. Depois de fracassar em adquirir as Filipinas, seus olhos voltaram-se para a África.
A exploração do rei belga na África começou, no entanto, com uma ideia supostamente filantrópica: espalhar o cristianismo e tecnologias europeias em território africano. Em pouco tempo, em 1885, a influência do Rei já era tanta que foi declarada oficialmente a fundação do Estado Livre do Congo, que o tinha como comandante.
É até possível que Leopoldo II, um homem bastante religioso, tivesse realmente o interesse de espalhar o cristianismo pelas terras africanas, ao mesmo tempo em que pensava em seu lucro, obviamente. O problema é que forçar uma religião em um território com cultura totalmente diferente da sua nunca foi uma boa ideia. Para cumprir sua “missão”, o belga precisou matar um grande número de nativos do país, e ele definitivamente transformou a vida dos que sobreviveram em um inferno. Seus escravos eram forçados a trabalhar na mineração de ouro, caçando elefantes em busca de marfim e destruindo as próprias florestas para limpar o terreno para a produção de borracha. Para colocar o seu plano em prática, o rei recebeu apoio financeiro dos cofres nacionais. Depois de reembolsá-lo, no entanto, todo o lucro da exploração na África ia diretamente para os seus próprios bolsos.
Durante o processo de colonização no Congo, Leopoldo II precisou enfrentar uma relação de amizade e ódio com o comerciante de escravos Tippu Tip, das arábias. Depois que suas tentativas de aliança com o comerciante árabe foram por água abaixo, o belga reuniu uma tropa de mercenários congoleses e protagonizou uma guerra com incontáveis mortos.
Depois de adquirir o domínio total do país, Leopoldo II dividiu a terra em distritos, que tinha seus próprios governantes – todos eles pagando uma boa taxa pelos produtos explorados. Por conta da organização impecável dos belgas e do emprego irrestrito de mão de obra escrava, o solo congolês foi devastado em níveis assustadores, quase com eficiência industrial. Os homens que não conseguiam cumprir suas metas de produção e pagamento de taxas eram publicamente mutilados e executados. Nos casos em que os “infratores” não eram encontrados, suas esposas e crianças eram mutiladas em seu lugar.

Mas as atividades cruéis e devastadoras do rei belga não pararam por aí. Por conta da vastidão da fauna nativa do país, o Congo acabou se tornando um país muito procurado pelos amantes da caça esportiva. Obviamente, Leopoldo II viu aí um grande potencial financeiro, e passou a cobrar taxas generosas para aqueles que quisessem explorar a mata congolesa e caçar seus animais.
As atividades nocivas do rei belga fizeram com que a população do Congo praticamente fosse reduzida à metade. Obviamente, é difícil apontar com exatidão quantos viviam no país em 1885, mas estima-se que o território (que era três vezes maior que o Texas) tivesse cerca de 20 milhões de moradores. No censo de 1924, no entanto, esse número já havia caído para 10 milhões.

Em 1908, o reinado de Leopoldo II sobre o Congo terminou, e como consequência o governo belga optou por realizar uma série de mudanças e reformas “cosméticas” na região, proibindo as execuções sistemáticas em nativos, e implementando sistemas mais “brandos” de cobrança de taxas. Mesmo assim, toda a riqueza do território congolês continuou saindo do país e enriquecendo outros bolsos.
Mesmo depois da independência do país, em 1971, o Congo ainda sofre com os traumas deixados para trás por Leopoldo II, e a exploração realizada em suas terras deixou um rastro de destruição e pobreza. Mesmo vivendo em um dos países mais ricos naturalmente, os congoleses vivem majoritariamente na pobreza, com uma expectativa de vida bastante baixa e qualidade de vida quase inexistente.