Um sensor que monitora as emissões de nêutrons entre os restos do acidente nuclear de Chernobyl vem chamando a atenção dos cientistas nos últimos cinco anos.
Isso porque o equipamento registrou, recentemente, um aumento gradual na atividade.
De acordo com alguns especialistas, não há como saber exatamente o que está acontecendo, mas não se pode menosprezar os riscos que uma fissão nuclear oferecem ao local. O problema é que a localização dos materiais que estão provocando esse aumento na atividade nuclear faz com que seja difícil analisar exatamente o que está havendo.
A “Science Magazine” publicou recentemente uma reportagem sobre o assunto, trazendo a informação de que pesquisadores de Kiev, na Ucrânia, estão empenhados nesse momento em tentar interpretar essas alterações. No entanto, de acordo com os cientistas, são muitas as incertezas.
O que se sabe é que dentro das salas e corredores das antigas instalações de Chernobyl, houve a formação de “piscinas” de urânio superaquecido, que acabou por se misturar com revestimentos de zircônio derretido, além de hastes de grafite e areia liquefeita. Essa “receita infernal” acabou criando uma espécie de lava, que eventualmente assumiu uma forma sólida. São os chamados “FCM”.
E por conta de uma série de reações químicas, as taxas de fissão nuclear aumentam dentro dessas “rochas” sempre que eles entram em contato com a água. O problema, justamente, é que as ruínas da Unidade Quatro de Chernobyl ficaram parcialmente expostas durante muito tempo, permitindo que a água da chuva se infiltrasse e atingisse essas formações.
Para evitar que a fissão dentro dos FCM fosse acelerada demais, os engenheiros de segurança de Chernobyl revestiram alguns deles com uma solução de nitrato de gadolínio, que possui a capacidade de absorver os nêutrons. Em novembro de 2016, foi inaugurada uma nova estrutura no local, chamada de “NSC”, responsável por manter as ruínas secas e protegidas da chuva. No entanto, o espaço logo abaixo do antigo reator da Unidade Quatro ainda possui infiltrações, e acredita-se que é exatamente de lá que está surgindo esse aumento nas emissões de nêutrons.
Os pesquisadores já trataram de tranquilizar os ânimos, dizendo que, no pior dos casos, caso uma nova explosão ocorra, não será nem sequer parecida com a tragédia inicial de Chernobyl, ocorrida em 1986. De qualquer forma, com tanto material radioativo em meio às ruínas dos antigos reatores, qualquer sinal de perigo acaba se tornando motivo de muito pavor.
Atualmente existem planos por parte do governo ucraniano de realizar uma ampla limpeza na área, mas o projeto ainda depende de autorização das autoridades. No momento, não há muito a se fazer a não ser torcer para que Chernobyl não acabe voltando para as manchetes. [IFLScience]