Cientistas capturaram recentemente imagens de um peixe com uma cabeça translúcida e olhos verdes em forma de órbita, que enxergam através de sua testa. As imagens foram feitas a centenas de metros abaixo da superfície da Baía de Monterey, nas proximidades da Califórnia, e nos mostram como o fundo do mar ainda guarda mistérios desconhecidos.
A criatura com aparência bizarra é conhecida como ‘peixe olho de barril’ (Macropinna microstoma), e é raramente vista nos oceanos. Pesquisadores da Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI) avistaram esta espécie apenas nove vezes em toda a história, apesar de terem enviados seu veículos operadores remotamente em mais de 5 mil mergulhos em regiões que possivelmente poderiam ser habitadas por este peixe. Porém, na semana passada, uma equipe de cientistas conseguiu belas imagens desta espécie.
I spy with my barreleye, a new #FreshFromTheDeep!
During a dive with our education and outreach partner, the @MontereyAq, the team came across a rare treat: a barreleye fish (Macropinna microstoma). pic.twitter.com/XjYj04MOCt
— MBARI (@MBARI_News) December 9, 2021
No momento, o veículo estava navegando a uma profundidade de 650 metros no Cânion Subaquático de Monterey, um dos mais profundos da costa do Pacífico. “O peixe olho de barril apareceu primeiramente muito pequeno, a distância, mas eu soube imediatamente o que era. Não dava para confundir com qualquer outra coisa”, disse Thomas Knowles, aquarista sênior do Aquário da Baía de Monterey, em entrevista ao ‘LiveScience’. Rapidamente, conta o pesquisador, a descoberta causou um burburinho na sala de controle, mas Knowles manteve o controle do veículo para não perder o foco. “Todos nós sabíamos que esta provavelmente era uma experiência única na vida, uma vez que essa criatura é muito raramente vista”, disse o cientista.
MBARI’s ROVs Ventana and Doc Ricketts have logged more than 5,600 dives and recorded more than 27,600 hours of video—yet we’ve only encountered this fish nine times! pic.twitter.com/WNdVLClEoj
— MBARI (@MBARI_News) December 9, 2021
O habitat deste peixe vai desde o Mar de Bering até o Japão e a Baixa Califórnia. Eles vivem na chamada zona crepuscular do oceano, que fica entre 200 e 3300 metros abaixo da superfície da água. Os cientistas ainda têm muito pouca noção de quantos peixes desta espécie vivem nas profundezas do oceano. “Nós não temos um controle sobre o tamanho da população. Somente de uma forma bem relativa”, disse Bruce Robison, cientista do MBARI, em entrevista também ao ‘LiveScience’.
Com base em observações anteriores de pesquisadores do MBARI, publicadas em 2008, os cientistas acreditam que estes peixes permanecem quase todos imóveis enquanto aguardam a aproximação de presas desavisadas. Normalmente, eles costumam atacar zoo-plânctons e águas-vivas. Ao apontar seus olhos verdes diretamente para cima, eles podem identificar as silhuetas de suas presas de cima, e o pigmento verde em seus olhos provavelmente ajuda a filtrar a luz solar da superfície do oceano.
Assim que um peixe olho de barril avista uma possível presa, ele nada rapidamente para cima, para prender a criatura em sua boca, enquanto gira seus olhos para frente, para que possa ver para onde está indo. “Muitos aspectos de sua história natural permanecem desconhecidos, e muito do que nós pensamos que sabemos sobre eles é baseado em especulação”, disse Robison. Apesar desta espécie ter sido descrita pela primeira vez em 1939, ela foi capturada por pescadores que não tomara nenhum cuidado ao capturar um espécime, o que acabou com que quebrassem totalmente seus escudos transparentes. Portanto, os cientistas não sabiam sobre a existência dessas estruturas até os anos 2000, quando pesquisadores do MBARI viram um peixe olho de barril em seu habitat natural. Mas ainda hoje há muito o que eles precisam estudar sobre a espécie.

E apesar dos cientistas terem ficado encantados com o avistamento, o animal não foi capturado desta vez. “Não tínhamos a ambição de coletar este animal, já que o aquário não está adequadamente configurado para cuidar desses peixes que nós mal compreendemos”, disse Knowles.
Com informações do ScienceAlert e do LiveScience.