Quando pensamos em raiva, muitas vezes imaginamos um animal rosnando e agressivo. No entanto, existe um sintoma menos conhecido e bastante intrigante que tem intrigado profissionais da saúde há muito tempo: a hidrofobia, ou medo de água. Um vídeo recente lançou luz sobre esse aspecto peculiar da doença, oferecendo um lembrete claro da importância da prevenção da raiva.
O vídeo, datado de 2008 do Departamento de Neurologia da 6ª Clínica de Moscou, mostra um paciente do sexo masculino exibindo justamente esse sintoma. Sob os cuidados do Dr. V. Nikiforov, a reação do homem ao ser oferecido um copo de água é tanto fascinante quanto comovente.
Quando um copo de água é apresentado a ele, o paciente diz: “Vou tentar, mas… veja o que acontece, estou com medo.” O que se segue é uma demonstração angustiante de ansiedade e desconforto físico. O homem começa a hiperventilar e fica visivelmente agitado, acabando por se virar e recusar a beber. Ele até menciona que experimenta a mesma reação com comida.
Mas por que isso acontece? A raiva, uma infecção viral tipicamente transmitida através da mordida ou arranhão de um animal infectado (mais comumente cães), afeta o sistema nervoso. À medida que a doença progride, ela leva a uma série de sintomas, incluindo confusão, paralisia parcial, convulsões e produção excessiva de saliva. O medo de água, ou hidrofobia, é um dos sinais mais distintivos.
Curiosamente, o termo “hidrofobia” pode ser um tanto enganoso. Os pacientes não têm realmente medo da água em si. Em vez disso, o vírus causa espasmos dolorosos na garganta e na faringe. Esses espasmos ocorrem involuntariamente quando o paciente tenta engolir, levando a uma associação entre a água e o desconforto intenso. Com o tempo, isso pode evoluir para um aparente “medo” da água, à medida que o paciente antecipa a dor que virá.
No vídeo, também vemos o paciente lutando para engolir a própria saliva, fazendo caretas de dor. Isso ilustra ainda mais como o vírus impacta as funções normais do corpo, tornando até mesmo as ações mais básicas incrivelmente difíceis e dolorosas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza a gravidade da raiva, afirmando que ela é “virtualmente 100% fatal” uma vez que os sintomas aparecem. Isso destaca a importância crítica da prevenção e do tratamento precoce. O impacto global da raiva é impressionante, com um custo anual estimado em US$ 8,6 bilhões. Esse valor inclui não apenas vidas e meios de subsistência perdidos, mas também cuidados médicos e despesas associadas. O trauma psicológico experimentado pelas vítimas e suas famílias, embora difícil de quantificar, adiciona outra camada aos efeitos devastadores da doença.
A prevenção é fundamental na luta contra a raiva. A OMS recomenda a vacinação tanto de cães quanto de pessoas como medidas primárias. Além disso, aumentar a conscientização sobre o que fazer se você entrar em contato com um animal potencialmente infectado é crucial. Se você suspeita que foi exposto à raiva, procurar atendimento médico imediato para profilaxia pós-exposição é essencial.
Embora a perspectiva para os pacientes de raiva tenha sido historicamente sombria, há um vislumbre de esperança. No ano passado, os profissionais de saúde ficaram surpresos quando uma mulher se tornou a primeira pessoa a sobreviver à raiva sem vacinação. Ela contraiu o vírus quando era adolescente, tornando seu caso ainda mais notável.