As Olimpíadas são o ápice da carreira de muitos atletas, não apenas pelo prestígio e reconhecimento, mas também pelas oportunidades financeiras que podem surgir. Neste artigo, vamos explorar os diversos aspectos que compõem a renda dos atletas olímpicos, desde premiações até patrocínios e programas de apoio governamental.
Premiações e reconhecimento imediato
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) estabeleceu um sistema de premiação em dinheiro para os atletas que conquistarem medalhas nas Olimpíadas de Paris. Os valores são significativamente maiores em comparação com os ciclos olímpicos anteriores, refletindo um aumento de cerca de 40%. Para os medalhistas de ouro em provas individuais, por exemplo, o prêmio chega a impressionantes R$ 350 mil, R$ 210 mil para a prata, e R$ 140 mil para o bronze.
O programa de premiação do COB, conhecido como Programa Medalha, divide os atletas em três categorias: individual, grupo e coletiva. Cada categoria tem valores específicos de premiação, sendo que nas modalidades de grupo e coletivas, o valor total é dividido igualmente entre os membros da equipe, incluindo reservas. Um aspecto interessante desse sistema é que os atletas podem acumular prêmios caso conquistem múltiplas medalhas.
Além do benefício financeiro imediato, conquistar uma medalha olímpica pode ser um verdadeiro divisor de águas na carreira de um atleta. O surfista Italo Ferreira, que conquistou o ouro nos Jogos de Tóquio em 2021, descreve a experiência como transformadora. Ele ressalta que a vitória não apenas ficou marcada na memória dos brasileiros e fãs do esporte, mas também abriu portas para novas oportunidades e parcerias com marcas.
O impacto dos patrocínios e da exposição midiática
O ciclo olímpico, que se estende por quatro anos entre uma edição dos Jogos e outra, tem um papel crucial nos rendimentos dos atletas, especialmente no que diz respeito aos patrocínios. À medida que os Jogos se aproximam, os valores dos contratos tendem a aumentar, refletindo o crescente interesse das marcas em associar sua imagem aos atletas de destaque.
Segundo o especialista em marketing Idel Halfen, muitos contratos de patrocínio são estruturados de forma escalonada, com valores menores no início do ciclo e aumentos progressivos conforme a proximidade das Olimpíadas. Isso se deve tanto à incerteza sobre o desempenho futuro do atleta quanto à maior exposição midiática que ocorre próximo aos Jogos.
Para os atletas que conquistam medalhas, as oportunidades se multiplicam. Além de possíveis bônus previstos em contratos existentes, surgem convites para campanhas publicitárias, palestras e eventos. A história de sucesso olímpico torna-se um ativo valioso, transformando os atletas em presenças VIP altamente requisitadas.
O COB também destaca que alguns atletas são contratados por patrocinadores do próprio Comitê para fazer parte de seus “esquadrões”, ampliando ainda mais as possibilidades de renda. Essa sinergia entre o desempenho esportivo e as oportunidades comerciais cria um ciclo virtuoso que pode garantir segurança financeira aos atletas bem-sucedidos.
Programas de apoio e incentivos governamentais
Além das premiações e patrocínios, os atletas olímpicos brasileiros contam com importantes programas de apoio governamental. O principal deles é o Bolsa Atleta, criado em 2005 pelo governo federal. Este programa visa garantir condições mínimas para que os esportistas possam se dedicar integralmente aos treinamentos e competições.
O Bolsa Atleta oferece seis categorias de benefícios, desde níveis iniciais como “Base” e “Estudantil” até a categoria “Pódio”, destinada a medalhistas olímpicos e atletas bem posicionados em rankings mundiais. Na categoria mais alta, o benefício mensal pode chegar a R$ 15 mil. A eficácia do programa é evidenciada pelo fato de que, nas Olimpíadas de Tóquio, 19 das 21 medalhas conquistadas pelo Brasil contaram com a participação de atletas apoiados pelo Bolsa Atleta.
Outro programa relevante é o Programa Olímpico da Marinha (Prolim), que incorpora atletas de alto rendimento como militares. Para as Olimpíadas de Paris, o Prolim terá 59 atletas, representando quase 20% da delegação brasileira. Esses atletas recebem soldo de acordo com sua graduação, que pode variar de R$ 2.627 para um cabo até R$ 3.825 para um terceiro-sargento, além de benefícios como alimentação, uniforme e assistência médica.
A combinação desses programas de apoio com as oportunidades de mercado cria uma rede de suporte que permite aos atletas focarem em seu desempenho esportivo. O caso de Italo Ferreira ilustra bem como esse apoio pode ser transformador: com os recursos obtidos nas Olimpíadas de Tóquio, ele conseguiu realizar o sonho de fundar o Instituto Italo Ferreira, um projeto social que atende cerca de 120 crianças em sua cidade natal.