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Próximo supercontinente causará extinção em massa, revela estudo

Lucas R.

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Próximo supercontinente causará extinção em massa, revela estudo
A dança dos continentes e o destino dos mamíferos: entenda como a formação da Pangeia Última pode impactar a vida na Terra no futuro.

Imagine, por um momento, a dança lenta e rítmica dos continentes. É uma dança que tem sido contínua por bilhões de anos, com continentes se afastando e se aproximando graciosamente. Embora isso possa parecer uma divagação poética, é uma realidade científica. A superfície da Terra, como sabemos, está em constante movimento, embora a um ritmo tão lento que nem sequer se compara ao crescimento das nossas unhas. No entanto, essa dança tem implicações profundas para o futuro da vida mamífera em nosso planeta.

Vamos embarcar em uma jornada, começando com uma observação curiosa. Já notou como certos continentes parecem se encaixar como peças de um quebra-cabeça? Isso não é mera coincidência. Milhões de anos atrás, nosso mundo abrigava um supercontinente chamado Pangeia. Com o passar do tempo, a Pangeia se dividiu, levando à formação dos continentes que reconhecemos hoje. Mas a dança não termina aí. Cientistas preveem que, em cerca de 250 milhões de anos, esses continentes convergirão novamente, formando um novo supercontinente, intrigantemente chamado de “Pangeia Última”.

Agora, enquanto a ideia de continentes se unindo pode parecer fascinante, nem tudo é positivo. A formação da Pangeia Última deve trazer uma série de impactos catastróficos. Imagine um mundo onde o próprio solo sob nossos pés conspira com o sol acima para tornar a Terra inóspita para os mamíferos, levando potencialmente a uma extinção em massa.

Mas como isso acontecerá? Vamos nos aprofundar na ciência por trás disso.

O registro geológico, um vasto arquivo da história da Terra, revela que, nos últimos 3,5 bilhões de anos, houve flutuações significativas no PCO2 atmosférico, que é a pressão parcial do dióxido de carbono. Essa medida, comumente usada para medir os níveis de CO2 no sangue, também desempenha um papel fundamental na ciência climática. Sempre que supercontinentes se formam e subsequentemente se desintegram, eles desencadeiam ciclos naturais de aquecimento e resfriamento que alteram os níveis de PCO2 na atmosfera.

No entanto, a formação da Pangeia Última deve coincidir com um período de maior atividade solar. Nosso sol, em sua energia implacável, emitirá cerca de 2,5% mais energia do que emite hoje. Combine isso com a atividade tectônica do supercontinente, especialmente as emissões vulcânicas, e teremos um aumento significativo no PCO2 atmosférico.

Pesquisadores, em seu recente estudo publicado na Nature Geoscience, explicam eloquentemente as implicações disso. A formação e eventual decadência da Pangeia Última pressionarão os limites da habitabilidade mamífera terrestre na Terra. Os níveis aumentados de PCO2, combinados com a energia amplificada do sol, elevarão a temperatura média anual global (GMAT). Esse aumento de temperatura pode desencadear eventos hipertermais, lembrando o evento Permiano-Triássico, o evento de extinção mais grave que a Terra já testemunhou.

Para colocar em perspectiva, considere nosso clima atual. As instâncias em que as medidas críticas de estresse térmico são superadas são raras e de curta duração. Mas com a formação da Pangeia Última e o subsequente aumento da energia solar, vastas regiões do supercontinente experimentarão esses limiares críticos por períodos prolongados, às vezes durando 30 dias ou mais.

As implicações para a vida mamífera são sombrias. Apenas um punhado de mamíferos migratórios altamente especializados pode ter uma chance em ambientes tão severos. No entanto, mesmo para esses poucos resilientes, os vastos desertos e condições extremas do supercontinente podem tornar suas estratégias migratórias inúteis. E quanto às espécies que cavam, aquelas que buscam refúgio no subsolo do calor escaldante? Suas chances de sobrevivência também mostram apenas um aumento marginal.

Agora, antes de sermos envolvidos por uma onda de desespero existencial, imagine um viajante do tempo do futuro distante visitando nossa era. Provavelmente ficariam perplexos com nossa obsessão por vídeos de gatos e nosso gosto por café gourmet. Mas, mais importante, eles se maravilhariam com a rica biodiversidade de nosso planeta, especialmente os mamíferos. Desde os majestosos elefantes da África até os ágeis esquilos em nossos quintais, eles valorizariam essas visões, sabendo o destino sombrio que aguarda no futuro distante.

Em conclusão, enquanto a dança dos continentes e o destino dos mamíferos podem parecer um conto de desespero, serve como um lembrete pungente da transitoriedade da vida. Destaca a importância de valorizar o presente e fazer nossa parte para mitigar os impactos das mudanças climáticas induzidas pelo homem. Afinal, enquanto a formação da Pangeia Última é inevitável, nossas ações hoje podem moldar o legado que deixamos para as futuras gerações. E quem sabe? Talvez, apenas talvez, nossos esforços possam dar aos mamíferos uma chance de lutar contra esse destino.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.