O Vaticano anunciou nesta quarta-feira, 8 de maio, a escolha do cardeal Robert Prevost como novo líder da Igreja Católica, agora intitulado Papa Leo XIV. Sua nomeação ocorreu após o falecimento do Papa Francisco, em 22 de abril, e encerrou um conclave marcado por expectativas globais. Nascido nos Estados Unidos e com cidadania peruana, o novo pontífice, de 69 anos, é reconhecido por seu trabalho pastoral em comunidades vulneráveis da América do Sul, o que explica a celebração em países como Peru e Estados Unidos. Mas nem todos receberam a notícia com entusiasmo.
Enquanto fiéis comemoram o início de um novo papado, um antigo texto voltou a circular nas redes sociais: a chamada “Profecia dos Papas”, atribuída ao arcebispo irlandês São Malaquias, do século XII. De acordo com o documento, apenas 112 papas governariam a Igreja após a morte do religioso. O último deles, descrito como “Pedro, o Romano”, teria um pontificado marcado por catástrofes globais, seguidas pelo “juízo final”. A lista terminaria com a destruição de Roma, simbolizando o fim dos tempos.
A coincidência numérica chamou atenção: o Papa Leo XIV seria justamente o 112º na contagem de Malaquias. Isso alimentou teorias de que ele poderia ser o “último papa” da narrativa apocalíptica. Entretanto, as discrepâncias são evidentes. O nome de batismo do novo pontífice é Robert Francis Prevost — nada que remeta a “Pedro”.
Além disso, sua dupla nacionalidade (americana e peruana) contrasta com o título “o Romano”, que sugere origem italiana. Até mesmo o falecido Papa Francisco, cujo nome era Jorge Mario Bergoglio, já foi associado à profecia, mas a falta de conexões claras fez com que a hipótese perdesse força.
Especialistas questionam a autenticidade do texto há séculos. Historiadores apontam que a “Profecia dos Papas” só ganhou notoriedade no século XVI, mais de 400 anos após a morte de São Malaquias, levantando suspeitas de que seja uma criação posterior. Josh Canning, diretor do Centro Newman de Toronto, destacou em 2013, em entrevista à Global News, a dificuldade de vincular qualquer papa moderno à figura de “Pedro, o Romano”: “Não há elementos concretos para essa associação”, afirmou.
Apesar do ceticismo, o imaginário popular segue fascinado por narrativas que misturam religião e mistério. Fóruns online discutem se eventos recentes — como pandemias, guerras ou mudanças climáticas — seriam os “sinais” descritos na profecia. Para teólogos, porém, o foco deve permanecer no presente. O Papa Leo XIV assume a Igreja em um momento de desafios, como a necessidade de diálogo com jovens, a transparência em casos de abuso e a crescente diversidade cultural entre os 1,3 bilhão de católicos no mundo.
Enquanto isso, o Vaticano segue sua rotina. A fumaça branca da Capela Sistina já se dissipou, e os sinos de São Pedro ecoaram anunciando a escolha. Resta saber se, nos próximos anos, o papado de Leo XIV será lembrado por suas ações pastorais ou por teorias que desafiam a lógica. Por enquanto, a única certeza é que, em um mundo conectado, até mesmo profecias medievais encontram espaço para renascer — mesmo que por um breve momento.