Início » Curiosidades » Por que os soldados cortavam a ponta das balas em “X”?

Por que os soldados cortavam a ponta das balas em “X”?

Lucas R.

Publicado em

Atualizado em

Por que os soldados cortavam a ponta das balas em X?
Descubra a história das balas cortadas em "X", seu impacto em combate, controvérsias éticas e a evolução das munições.

Ao longo da história das armas de fogo, diversas inovações e adaptações foram feitas para melhorar a eficiência e o poder destrutivo das munições. Uma dessas práticas era cortar a ponta das balas em “X”, conhecida também como “bala dum-dum” ou “bala expansiva”. Essa prática surgiu no final do século XIX e teve seu auge durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de sua origem controversa e impacto moral questionável, essa técnica ofereceu vantagens táticas e estratégicas aos soldados.

O corte em “X” na ponta das balas fazia com que, ao atingir o alvo, a bala se expandisse e fragmentasse. Essa expansão e fragmentação causavam ferimentos mais graves, aumentando a probabilidade de incapacitar ou eliminar o inimigo com um único disparo. O objetivo principal era maximizar o dano causado no alvo, sem a necessidade de múltiplos tiros. Isso garantia uma maior eficácia no campo de batalha, ao mesmo tempo em que economizava munição.

A bala expansiva recebeu esse nome porque foi desenvolvida inicialmente em Dum Dum, uma cidade na Índia, onde o arsenal britânico fabricava munições para o exército colonial. A técnica se popularizou rapidamente entre as forças armadas de diferentes nações, dada a sua eficiência em combate. Contudo, a natureza cruel e desumana dessas balas não passou despercebida.

Os ferimentos causados pelas balas cortadas em “X” eram frequentemente devastadores e difíceis de tratar. Os fragmentos da bala se dispersavam pelo corpo do ferido, causando danos internos extensos e hemorragias. Essas lesões muitas vezes resultavam em amputações ou morte, mesmo quando o soldado recebia atendimento médico adequado. O sofrimento causado por essas munições era intenso e prolongado, levantando preocupações éticas e humanitárias.

Em resposta a essas preocupações, a Conferência de Haia, em 1899, proibiu o uso de balas expansivas em conflitos internacionais. O tratado estabelecia que as nações não deveriam empregar “balas que se expandam ou achatam facilmente no corpo humano”. Contudo, o tratado não conseguiu eliminar completamente o uso dessas balas, que continuaram a ser utilizadas em diferentes conflitos, especialmente em guerras coloniais e guerrilhas.

Ao longo do século XX, a tecnologia de armas de fogo e munições evoluiu consideravelmente. Novos tipos de munição foram desenvolvidos, oferecendo maior precisão, alcance e poder de parada, o que reduziu a necessidade das balas cortadas em “X”. Além disso, as crescentes preocupações humanitárias e a maior regulamentação internacional sobre o uso de armas e munições tornaram o uso de balas expansivas cada vez menos comum.

Photo of author
Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.