Se você tem assistido às Olimpíadas deste ano, pode ter notado algo incomum no corpo de alguns atletas. Muitos nadadores e outros competidores estão exibindo grandes círculos vermelhos escuros nas costas e ombros. Não, eles não foram atacados por polvos gigantes – essas marcas são, na verdade, resultado de uma técnica de cura antiga chamada terapia de ventosas.
A terapia de ventosas tem se tornado cada vez mais popular entre os atletas olímpicos nos últimos anos. Ela ganhou ampla atenção pela primeira vez durante as Olimpíadas do Rio em 2016 e continua em alta em Paris este ano. Mas o que exatamente é a terapia de ventosas e por que tantos atletas de elite a utilizam?
As ventosas são uma prática antiga que envolve a colocação de copos especiais na pele para criar sucção. Essa sucção aumenta o fluxo sanguíneo na área, o que se acredita ajudar na recuperação muscular e atuar como uma forma de massagem profunda. O processo deixa aquelas marcas circulares distintivas que chamam a atenção dos espectadores em todo o mundo.
Muitos atletas juram pelos benefícios das ventosas. O ginasta Alexander Naddour, por exemplo, chamou-a de seu “segredo” de saúde em 2016, afirmando que valeu cada centavo gasto. O jogador de basquete Kyle Singler também elogiou a terapia, observando que, embora as contusões possam parecer intensas, os benefícios são significativos. Segundo Singler, as ventosas ajudam na recuperação e no relaxamento dos tecidos ao longo do tempo.
Mas a terapia de ventosas realmente funciona? Bem, a ciência ainda não chegou a uma conclusão definitiva. Alguns estudos descobriram que as ventosas podem proporcionar alívio para certas condições musculoesqueléticas e relacionadas ao esporte. Por exemplo, uma revisão de 2022 sugeriu que a ventosaterapia úmida (uma variação da técnica) poderia ser eficaz para dores lombares. No entanto, a Harvard Health destaca que a qualidade das evidências sobre os benefícios das ventosas é geralmente limitada.
Apesar da falta de evidências científicas conclusivas, as ventosas continuam populares entre os atletas. Nas Olimpíadas deste ano em Paris, há 854 nadadores de 187 países diferentes, e muitos deles estão exibindo as marcas características das ventosas. E não são apenas os nadadores – atletas de várias modalidades foram vistos com essas contusões.
A boa notícia é que as ventosas são geralmente consideradas seguras. As descolorações circulares desaparecem em alguns dias ou semanas, e os efeitos colaterais geralmente se limitam a uma sensação de beliscão durante o tratamento. Problemas sérios são raros, embora haja relatos isolados de infecções de pele.
Vale notar que existem diferentes tipos de ventosas. A técnica mais utilizada pelos atletas é a “ventosaterapia seca”, mas também existe a “ventosaterapia úmida”, que envolve fazer pequenos cortes na pele antes de aplicar os copos. O estudo de 2022 que encontrou benefícios para dores lombares analisou especificamente a ventosaterapia úmida.
Embora a eficácia das ventosas ainda possa ser debatida nos círculos científicos, sua popularidade entre os atletas de elite sugere que muitos acham a técnica benéfica. Seja devido a efeitos fisiológicos reais ou simplesmente a um efeito placebo, esses atletas acreditam que as ventosas os ajudam a performar no seu melhor nível.
Então, da próxima vez que você estiver assistindo às Olimpíadas e avistar aqueles círculos vermelhos distintivos em um atleta, saberá que eles não são cicatrizes de uma batalha com uma criatura marinha. São as marcas de uma terapia antiga que muitos competidores de ponta utilizam para se manter no auge de suas capacidades. Se a ventosaterapia resistirá ao teste do tempo e ao escrutínio científico ainda não se sabe, mas por enquanto, ela certamente está marcando presença no mundo dos esportes de elite.