Palmanova, a deslumbrante cidade-estrela, encontra-se no coração da região de Friuli-Venezia Giulia, no nordeste da Itália. Uma obra-prima da arquitetura e engenharia, essa cidade fortificada possui uma forma de estrela única que não apenas a distingue de outras cidades italianas, mas também a coloca entre as mais singulares e fascinantes do mundo.
A concepção de Palmanova remonta ao século 16, durante um período de intensa rivalidade política e militar na Europa. Foi nesse contexto que as autoridades venezianas decidiram construir uma cidade fortificada que pudesse proteger os territórios da República de Veneza contra invasões de potências estrangeiras, como os turcos otomanos e os Habsburgos.
O design estelar de Palmanova foi concebido pelo arquiteto e urbanista italiano Vincenzo Scamozzi, que se inspirou nos ideais renascentistas de simetria, ordem e harmonia.
A cidade foi projetada como um exemplo de utopia humanista, onde o bem-estar e a segurança dos habitantes estavam no centro do planejamento urbano. O formato de estrela de nove pontas, com bastiões e muralhas fortificadas, era considerado o auge da defesa militar na época.
A estrutura radiante e simétrica de Palmanova é composta por três anéis concêntricos de muralhas defensivas. Esses anéis são conectados por estradas radiais, que se estendem a partir do centro da cidade e convergem nos nove bastiões pontiagudos, situados nos ângulos da estrela. Essa disposição geométrica permitia uma visão panorâmica dos arredores e um controle estratégico das abordagens à cidade.
A forma de estrela de Palmanova não foi apenas uma escolha estética; ela também tinha um propósito funcional. As muralhas e bastiões defensivos foram projetados para repelir ataques, e os espaços abertos entre os bastiões permitiam um campo de tiro ininterrupto para os canhões. Além disso, o formato da cidade facilitava a movimentação rápida das tropas e garantia que os defensores pudessem responder a ameaças em qualquer direção.
As muralhas externas de Palmanova são circundadas por um fosso largo e profundo, que servia como mais uma camada de proteção contra invasões. As águas do fosso eram alimentadas pelos rios e canais da região, e as pontes levadiças permitiam o acesso à cidade. Essas características refletem o pensamento estratégico e o cuidado com a segurança que nortearam a concepção da cidade.
O planejamento urbano de Palmanova também levou em consideração as necessidades e o bem-estar de seus habitantes. A cidade foi dividida em nove setores ou “rioni”, cada um com seu próprio centro cívico, igreja e espaço público. Essa organização racional e ordenada reflete o ideal humanista de uma sociedade harmoniosa, na qual os cidadãos são livres para prosperar e desenvolver seu potencial.
No entanto, apesar de seu design avançado e atraente, Palmanova enfrentou dificuldades para atrair moradores em seus primeiros anos. A localização remota da cidade, combinada com a rigidez do planejamento urbano, levou muitos a hesitar em se estabelecer lá. Para superar esse obstáculo, as autoridades venezianas chegaram a oferecer terras e isenções fiscais a potenciais habitantes, na esperança de povoar a cidade.
Com o passar dos anos, no entanto, Palmanova foi ganhando vida e estabelecendo sua identidade. A cidade tornou-se um símbolo do poderio veneziano e um exemplo notável da engenharia e arquitetura militar renascentista. Hoje, a cidade-estrela é um tesouro nacional italiano e um destino turístico popular. Em 2017, a UNESCO incluiu Palmanova, juntamente com outras fortificações venezianas, na lista do Patrimônio Mundial.
A visita a Palmanova é uma experiência enriquecedora que permite aos visitantes contemplar a beleza e a genialidade do design estelar. Passear pelas ruas empedradas, admirar as muralhas imponentes e explorar os bastiões é uma viagem no tempo, que revela a importância histórica e cultural da cidade.