O mundo vem sofrendo atualmente com a ameaça de um patógeno invisível, porém perigoso e com uma habilidade incrível de se replicar e espalhar livremente: o novo coronavírus.
O misterioso Sars-CoV-2, como vem sendo chamado, ainda não foi amplamente estudado pela ciência, e por isso é difícil compreender totalmente o seu funcionamento. Já sabemos, no entanto, o suficiente para entender o quão malignamente geniais são essas “criaturas”.
“Criaturas”, entre aspas, pois os coronavírus se comportam de maneira que nos faz lembrar um “morto-vivo”, e para muitos mal pode ser tratado como um organismo completamente vivo. Isso porque, quando está fora do corpo humano, permanece completamente adormecido, não possui um metabolismo ativo e nem capacidade de se reproduzir. O coronavírus só entra em atividade, mesmo, a partir do momento em que consegue adentrar o corpo de seu hospedeiro. Lá, sem que a vítima perceba, ele invade inicialmente o nariz e a garganta, controlando as células e utilizando-as para se replicar aos montes. Como muitas pessoas não apresentam nenhum sintoma, o patógeno consegue se propagar com muita velocidade, principalmente em grandes centros urbanos. Passando de pessoa para pessoa, ocasionalmente acaba atingindo uma pessoa do grupo de risco, onde é extremamente mais perigoso.
Nos casos mais severos da Covid-19, o coronavírus passa do nariz e da garganta para o pulmão da vítima, onde pode provocar complicações muito graves – que são responsáveis pela maioria dos óbitos relacionados à doença.
Não é a primeira vez que o mundo se depara com um coronavírus, ainda que muita gente esta conhecendo esta família de patógenos atualmente. Em 2003, por exemplo, um tipo semelhante de vírus provocou o surto de SARS 2002-2003 no continente asiático.
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Mas o SARS-CoV-2 possui semelhanças também com outros tipos de vírus, causadores de doenças ainda mais destrutivas, como a MERS, a própria SARS e o ebola. Todas essas, assim como a Covid-19, são doenças consideradas zoonóticas, ou seja, que “nasceram” em outros animais e posteriormente acabaram passando para seres humanos. Além disso, todas essas doenças foram causadas por vírus RNA, que são muito mais difíceis de combater. E dentro deste grupo de vírus, os coronavírus são ainda piores, pois possuem cerca de três vezes o tamanho e sofisticação genética dos patógenos causadores de outras doenças como o zika e a dengue.
“Se assumirmos que a dengue tem um ‘cinto de ferramentas’ com apenas um martelo, podemos dizer que o coronavírus tem três tipos diferentes de martelo, um para cada situação específica”, explicou o virologista Vineet Menachery, da Faculdade de Medicina da Universidade do Texas, de acordo com o portal ‘Público’, de Portugal.
Quando entram em contato com nossas células, o vírus pode gerar mais de 10 mil cópias suas, ligando todos os alertas do nosso corpo e provocando respostas como a febre, a produção de glóbulos brancos e etc. É nesse momento que começam os sintomas e que, na maioria das vezes, a vítima finalmente se dá conta de que algo não está certo.
O maior problema é que, ao contrário do que acontece com algumas bactérias, que podem ser combatidos sem grandes efeitos secundários, os vírus utilizam nossas próprias proteínas para se entrelaçar e propagar a destruição em nosso corpo. Isso faz com que os medicamentos que eventualmente possam combater o SARS-CoV-2 também coloquem em risco a nossa própria saúde.
A nosso favor, temos algumas medidas, como o isolamento social e a adoção de rotinas básicas de higiene. No entanto, os especialistas acreditam que, evolutivamente falando, os vírus podem se tornar até mesmo “aliados” dos seres humanos na contenção dos casos mais severos de infecção. É que não é interessante para o coronavírus que o seu hospedeiro morra, e deixe de ser um terreno fértil para a sua existência. No cenário ideal, pela perspectiva do SARS-CoV-2, a grande maioria dos seres humanos andaria tranquilamente por aí, carregando o vírus consigo, porém sem nenhum sintoma que coloque sua vida em risco.
É o que acontece, por exemplo, com o vírus causador da herpes oral, que circula entre seres humanos há pelo menos 6 milhões de anos de acordo com alguns estudos, e apesar de causar um certo estresse ocasional a seus hospedeiros, não é exatamente um risco para a saúde.