Um estudo científico recente revelou descobertas preocupantes sobre a presença de nanoplásticos em garrafas de água, com implicações que podem afetar milhões de consumidores em todo o mundo. Pesquisadores da Universidade de Columbia e da Universidade Rutgers descobriram que um único litro de água engarrafada contém, em média, cerca de 240.000 partículas de plástico, superando em 10 a 100 vezes as estimativas anteriores.
A equipe de pesquisa, composta por Xin Gao, Xiaoqi Lang, Huipeng Deng, Teodora Maria Bratu, Qixuan Chen e Phoebe Stapleton, publicou suas descobertas na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Esse trabalho trouxe à tona uma área pouco explorada da ciência ambiental e da saúde.
Os nanoplásticos identificados no estudo são partículas microscópicas que podem penetrar nas células do sangue e atravessar a barreira hematoencefálica (que protege o cérebro). Essas partículas, juntamente com os ftalatos presentes nos recipientes plásticos, estão associadas a diversos problemas de saúde, como possíveis ligações com câncer, defeitos congênitos e questões de fertilidade. O Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos Estados Unidos (National Institute of Environmental Health Sciences) também relaciona esses materiais a problemas no desenvolvimento, reprodução, função cerebral e no sistema imunológico.
O coautor do estudo, Beizhan Yan, destacou a importância dessas descobertas, afirmando: “Antes, essa era uma área obscura, inexplorada. Estudos de toxicidade apenas especulavam sobre o que estava ali.” A pesquisa forneceu dados concretos sobre a composição e a quantidade dessas partículas em garrafas de água.
As implicações vão além da água engarrafada. Os pesquisadores alertam que preocupações semelhantes se aplicam a outros produtos embalados em plástico, incluindo condimentos comuns como maionese e ketchup. Wei Min, outro coautor do estudo, enfatizou que o problema não é apenas o tamanho das partículas, mas a quantidade delas: “Não é o tamanho que importa. É a quantidade, porque quanto menores as partículas, mais facilmente elas podem entrar no nosso corpo.”
Qixuan Chen, professor associado da Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade de Columbia, descreveu como as descobertas oferecem “uma nova perspectiva, possibilitando uma compreensão mais profunda das implicações do plástico tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana.”
A metodologia da equipe de pesquisa permitiu detectar e quantificar essas partículas com precisão inédita. “Não é totalmente inesperado encontrar tanta coisa assim,” observou o pesquisador Qian, explicando que a concentração de partículas aumenta à medida que seu tamanho diminui.
O estudo sugere que os consumidores considerem alternativas às garrafas plásticas de água, como o uso de garrafas reutilizáveis e sustentáveis. Essa mudança pode ajudar a reduzir a exposição a esses nanoplásticos potencialmente prejudiciais e contribuir para esforços de sustentabilidade ambiental.