A escolha do nome “Leão XIV” já indicava que o novo Papa traria um sopro de modernidade ao Vaticano. Mas ninguém esperava que, em menos de uma semana no cargo, ele usaria o Twitter (agora X) para se comunicar de forma tão direta com milhões de pessoas.
O pontífice, eleito em 8 de maio após a renúncia do Papa Francisco, é o cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, que adotou o nome Leo XIV. Sua estreia nas redes sociais, porém, foi o que realmente chamou atenção: uma série de sete publicações abordando conflitos globais com linguagem clara e urgente.
No dia 14 de maio, o perfil oficial de Leo XIV no Twitter compartilhou a primeira mensagem: “A paz esteja com todos vocês! Esta é a saudação do Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor. Desejo que essas palavras ecoem em seus corações, famílias e entre todas as nações”. A frase, inspirada no Novo Testamento, foi apenas o início de uma sequência de reflexões sobre guerras, diálogo e a importância de preservar tradições religiosas.
Em um dos tweets, o Papa citou discursos de dois antecessores, incluindo um apelo para que a Igreja valorize os ritos cristãos do Oriente, como as liturgias armênias e siríacas. “A espiritualidade do Oriente oferece um bálsamo curativo. Ela une a consciência da fragilidade humana ao respeito pela misericórdia divina”, escreveu. Para ele, essas tradições milenares ajudam a evitar que as dificuldades da vida se transformem em desespero, incentivando, em vez disso, a busca por graça e renovação.
Mas foi ao falar sobre conflitos atuais que o tom do pontífice se tornou mais incisivo. Leo XIV mencionou explicitamente a violência em regiões como Ucrânia, Sudão, Gaza e Síria, classificando-a como “horror que deveria provocar indignação”. Ele lembrou que, enquanto líderes políticos justificam mortes em nome de “conquistas militares”, o chamado de Cristo segue sendo o mesmo: promover a paz. “A paz de Cristo não é o silêncio de um túmulo após uma guerra, nem resultado da opressão”, afirmou.
O Papa Leão enviou uma mensagem forte
O Papa também diferenciou a paz autêntica de meras tréguas temporárias. Segundo ele, a verdadeira reconciliação exige coragem para perdoar, diálogo e a disposição de ouvir o outro. “Os outros não são inimigos a serem odiados, mas seres humanos com quem devemos conversar”, destacou em um dos trechos mais compartilhados. Para Leo XIV, a Santa Sé está pronta para mediar negociações onde for necessário, reforçando o papel do Vaticano como intermediário em crises internacionais.
A última publicação da série viralizou: “A guerra nunca é inevitável. As armas podem e devem se calar, pois nunca resolvem problemas — só os intensificam. Aqueles que semeiam paz permanecerão na história, não os que colhem vítimas”. A mensagem, que já ultrapassou meio milhão de likes, gerou reações imediatas. Em seis dias, o perfil do Papa alcançou 18,5 milhões de seguidores, número que segue crescendo.
Nas respostas aos tweets, usuários de diversos países elogiaram a abordagem franca. “É raro ver líderes religiosos falando sem rodeios sobre temas tão urgentes”, comentou uma brasileira. Outros mencionaram surpresa com a menção a conflitos específicos, algo que costuma ser evitado em discursos papais para manter neutralidade. Entre os críticos, houve quem questionasse se a plataforma X, conhecida por debates acalorados, é o espaço ideal para mensagens de harmonia.
Enquanto isso, observadores destacam que a estratégia de Leo XIV reflete uma mudança na comunicação do Vaticano. Ao adotar uma linguagem mais acessível e abordar temas polêmicos sem medo, o novo Papa parece buscar conexão não apenas com fiéis, mas com um público mais jovem e globalizado. Resta saber se essa postura influenciará líderes políticos — ou se, como tantas vezes na história, os apelos por paz continuarão ecoando sem resposta.