Pessoas chocadas ao descobrir de onde a Vaselina realmente vem Pessoas chocadas ao descobrir de onde a Vaselina realmente vem

por Lucas Rabello
2,1K visualizações

Conhece aquela geleia de petróleo que provavelmente está no seu armário do banheiro? A Vaselina é um produto tão comum hoje que mal paramos para pensar na sua origem. Mas sua história é uma daquelas reviravoltas improváveis que só a vida real pode oferecer, começando com um negócio falido e uma viagem de desespero.

No meio do século XIX, um químico inglês chamado Robert Chesebrough enfrentava tempos difíceis. Seu empreendimento, focado na venda de óleo de espermacete (uma substância valiosa extraída de cachalotes), estava indo de mal a pior. O motivo? Uma descoberta que abalou o mundo da energia: o petróleo. Em 1859, a chamada “Corrida do Ouro Negro” explodiu na Pensilvânia, Estados Unidos, tornando o óleo de baleia uma opção cara e antiquada. Chesebrough viu seu negócio definhar. Precisava de um novo rumo, e rápido.

Foi então que ele decidiu visitar os campos petrolíferos da Pensilvânia, talvez buscando novas oportunidades no próprio setor que o estava arruinando. Foi lá que presenciou algo curioso. Os operários, que lidavam diariamente com máquinas pesadas e quentes, frequentemente sofriam cortes e queimaduras.

Chesebrough reparou que eles aplicavam uma substância estranha nessas lesões: uma gosma pegajosa, escura e pouco atraente que se acumulava nas hastes das brocas de perfuração. E, segundo os próprios trabalhadores, essa gosma parecia ajudar as feridas a cicatrizar mais rápido e com menos dor.

Intrigado, Chesebrough teve um estalo. Será que aquela substância residual, vista como um incômodo pela indústria do petróleo, poderia ter valor medicinal? Ele coletou amostras daquele “petróleo de vara” e levou para seu laboratório em Nova York.

Ali, iniciou uma verdadeira maratona científica. Durante dez longos anos, Chesebrough trabalhou obsessivamente, refinando e purificando aquela gosma bruta. Seu objetivo era transformá-la em algo seguro, estável e eficaz para o uso humano. O processo envolvia destilação cuidadosa e filtração, removendo impurezas e deixando apenas uma geleia translúcida e inodora.

Ele passou uma década aperfeiçoando o processo

Ele passou uma década aperfeiçoando o processo

Em 1872, ele finalmente patenteou sua criação. Batizou-a de “Vaselina”. O nome foi uma combinação da palavra alemã para água (“Wasser”) com a palavra grega para azeite (“elaion”), talvez buscando uma sonoridade científica e confiável. Mas ter uma invenção genial não garantia o sucesso. Inicialmente, ninguém parecia interessado na sua geleia de petróleo. Farmacêuticos e médicos desconfiavam do produto desconhecido.

Chesebrough, no entanto, não desistiu. Adotou uma estratégia de marketing tão arrojada quanto improvável. Ele pegou um cavalo e uma carroça, encheu-a de pequenos potes de vidro contendo cerca de 30 gramas da sua Vaselina cada um, e partiu pelas estradas de Nova York. Mas ele não se limitava a vender.

Para provar a eficácia do produto, Chesebrough realizava demonstrações chocantes: ele propositalmente causava pequenas queimaduras ou cortes na sua própria pele, diante de potenciais clientes, e então aplicava generosamente a Vaselina. O público assistia, atônito, à rápida melhora e cicatrização que o produto promovia.

A tática, apesar de radical, funcionou. A notícia sobre a “geleia milagrosa” que curava queimaduras e cortes começou a se espalhar. A confiança no produto cresceu. De vendedor ambulante, Chesebrough logo estava atendendo a uma demanda impressionante. Conta-se que, em pouco tempo, ele chegou a vender um pote de Vaselina a cada minuto. O que começou como um substituto desesperado para o óleo de baleia se transformou em um fenômeno.

Hoje, mais de 150 anos depois, a Vaselina continua sendo um item básico em milhões de lares. Suas utilidades se multiplicaram muito além das feridas dos perfuradores de petróleo. Ela é amplamente reconhecida por criar uma barreira protetora sobre a pele, ajudando a vedar pequenos cortes e queimaduras leves contra infecções.

É um poderoso aliado contra a pele seca e áspera, especialmente em cotovelos, calcanhares e joelhos, pois ajuda a reter a umidade natural da pele. Mães a usam para aliviar assaduras de bebê. Pessoas a aplicam para reidratar lábios rachados, muitas vezes como base para esfoliantes caseiros. Até na maquiagem ela encontrou lugar, sendo usada para dar um efeito de brilho natural à pele. Uma história que começou no lodo dos poços de petróleo culminou em um dos produtos de cuidados pessoais mais versáteis do planeta.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.