Desde o início da pandemia provocada pelo novo coronavírus, uma das principais medidas de prevenção, aplicadas em todo o mundo, é o uso de máscaras de proteção. Entretanto, na grande maioria dos países as máscaras são apenas uma prevenção, e o seu uso não é compulsório, ainda que para alguns especialistas da área da saúde elas sejam indispensáveis na luta contra a Covid-19. A importância das máscaras se explica pela forma como a doença se propaga: Por meio do contato com saliva, coriza e fluidos em geral, por menores que sejam, de pessoas infectadas.
Mas será mesmo que as máscaras são eficientes? Para tentar responder essa pergunta, o pesquisador americano Rich Davies utilizou o Twitter para divulgar um teste que ele realizou em seu laboratório, utilizando culturas desenvolvidas a partir de um método conhecido como “ágar-ágar”. Os seus resultados, como já era esperado, apontam que as máscaras realmente diminuem de forma considerável as partículas potencialmente infectadas que expelimos ao falar, respirar, tossir, espirrar e etc.
Na imagem abaixo, publicada por Rich Davies em seu Twitter, o pesquisador mostra de forma clara a diferença entre usar ou não usar uma máscara. As culturas da esquerda foram realizadas a partir de determinadas ações, como espirrar, cantar durante um minuto, falar durante um minuto, ou tossir duas vezes. Tudo isso sem máscara. Já no lado direito, as mesmas ações foram feitas com o uso do equipamento de proteção, respeitando a mesma distância.
Na sequência deste primeiro experimento, o pesquisador decidiu testar a importância do distanciamento. Para isso, ele posicionou os pratos de cultura em distâncias graduais: 60cm, 1,2m e 1,8m. Depois de posicioná-los, ele tossiu durante 15 segundos, primeiro com e depois sem a máscara.
Os resultados deste segundo experimento, expostos na imagem abaixo, mostram que mesmo com o uso da máscara, quanto maior a distância menor a quantidade de bactérias com a qual podemos entrar em contato quando uma pessoa tosse. Sem a máscara, as bactérias aparecem em quantidades bem maiores. Ainda é possível verificar que, a uma distância de 1,8m, a tosse de uma pessoa sem máscara nos expõe praticamente à mesma quantidade de bactérias que uma tosse partindo de uma pessoa vestindo máscara a uma distância de 60cm.
Ao explicar seus resultados, o pesquisador explicou que, apesar das culturas serem formadas por bactérias, e não vírus, elas servem como um modelo importante na hora de entender como as pequenas gotas de saliva e fluidos podem carregar micro-organismos potencialmente perigosos, como o coronavírus causador da Covid-19.
Para Davis, o uso das máscaras de proteção deve ser adotado como apenas mais uma das tantas práticas de higiene que temos em nosso dia a dia, como o hábito de lavar as mãos depois de irmos ao banheiro e de utilizar lenços de papel para assoar o nariz.
Davis também é enfático ao afirmar que seu teste é uma “demonstração”, e não um “experimento”. De acordo com ele, a diferença é que os resultados dos seus testes já eram esperados, e que trata-se de uma demonstração a partir de uma única coleta de dados. “Para mim, isso é puramente uma demonstração. […]. Eu “sabia” que tossir em uma prato de cultura faria com que bactérias se reproduzissem nessa superfície. E eu sabia que uma máscara poderia diminuir essa quantidade, talvez até completamente”, explicou.
Em um de seus tweets sobre o assunto, Davis resume:
“Vou tentar ser claro sobre o que o teste mostra e o que ele não mostra.
MOSTRA que o ato de falar (ou tossir, espirrar e cantar) faz com que partículas de líquido saiam de sua boca.
MOSTRA que essas partículas podem carregar micróbios como bactérias.
MOSTRA que as máscaras bloqueiam a maioria desses micróbios.
NÃO MOSTRA o número, tamanho e a distribuição de partículas respiratórias produzidas pela tosse ou pela fala.
NÃO MOSTRA se essas partículas carregam vírus como o SARS-CoV-2 e se as máscaras podem bloqueá-los”.
Um dos principais questionamentos feitos pelos seguidores do pesquisador no Twitter é sobre a diferença entre as bactérias e vírus, para o qual ele respondeu da seguinte maneira:
“É 100% verdadeiro que as bactérias são incrivelmente diferentes dos vírus. Mas como acreditamos que as gotículas respiratórias sejam a principal forma de propagação da Covid-19, eu exploro a presença das bactérias (fáceis de cultivar e visualizar) presentes nas gotículas para mostrar onde elas alcançam”.
Ainda que, como o próprio pesquisador afirma, o teste não possa ser levado em consideração para uma conclusão científica, ele serve como uma boa ilustração da importância do uso das máscaras, que infelizmente não vem sendo praticado por algumas pessoas.