Por mais de seis décadas, o incidente do Passo Dyatlov cativou as mentes de pesquisadores, teóricos da conspiração e entusiastas de mistérios. Este caso perplexo, que resultou na morte de nove experientes alpinistas nos Montes Urais, na Rússia, em 1959, finalmente foi “resolvido” após anos de especulação e investigação.
Imagine isso: é fevereiro de 1959, e um grupo de jovens e aventureiros esquiadores, liderados por Igor Dyatlov, parte em uma expedição no norte dos Urais. Seu objetivo era alcançar a Montanha Otorten, uma jornada desafiadora que testaria suas habilidades e resistência. Mal sabiam eles que essa jornada se tornaria um dos mistérios mais intrigantes da história moderna.
O grupo, composto por oito homens e duas mulheres, todos estudantes ou graduados do Instituto Politécnico Ural, estava bem preparado para sua aventura. Eles tinham experiência em longas excursões de esqui e expedições nas montanhas. No entanto, algo deu terrivelmente errado na noite de 1º para 2 de fevereiro de 1959.
Quando o grupo não retornou conforme planejado, uma equipe de busca foi organizada. O que eles descobriram foi ao mesmo tempo chocante e perplexo. A tenda abandonada dos alpinistas foi encontrada nas encostas do Kholat Syakhl, que se traduz como “Montanha da Morte” na língua local Mansi. A tenda havia sido cortada de dentro para fora, e os pertences dos alpinistas foram deixados para trás, incluindo seus sapatos.
Os corpos dos nove alpinistas foram encontrados espalhados pela paisagem coberta de neve. Alguns foram encontrados quase a 1,6 km do acampamento, parcialmente vestidos e descalços. Outros foram descobertos meses depois, enterrados sob a neve. As causas das mortes variavam de hipotermia a traumas físicos inexplicáveis, incluindo costelas esmagadas e crânios fraturados.
Por anos, teorias sobre o que aconteceu naquela noite correram soltas. Alguns culparam uma avalanche, enquanto outros sugeriram explicações mais extravagantes, como encontros alienígenas, testes secretos de armas soviéticas ou um ataque dos povos indígenas Mansi. A falta de testemunhas oculares e as estranhas circunstâncias em torno das mortes alimentaram inúmeras teorias da conspiração.
No entanto, em 2021, uma equipe de pesquisadores afirmou ter finalmente resolvido o mistério. Sua conclusão? Uma avalanche, mas não qualquer avalanche – uma avalanche retardada desencadeada por condições meteorológicas únicas.
A equipe de pesquisa, liderada pelo cientista suíço Johan Gaume e Alexander Puzrin, usou simulações de computador para recriar as condições daquela noite fatídica. Eles descobriram que uma combinação de fatores poderia ter levado a um tipo raro de avalanche chamado “avalanche de placa”.
Eis como provavelmente aconteceu:
O grupo montou sua tenda em uma encosta, cortando a neve para criar uma superfície plana. Isso enfraqueceu a camada de neve acima deles. À medida que a noite avançava, ventos fortes sopraram neve sobre a crista, adicionando peso à camada instável. Horas depois que os alpinistas se acomodaram para a noite, a placa de neve finalmente cedeu, desencadeando a avalanche.
Os alpinistas, subitamente acordados pelo som da neve rumorejante, provavelmente cortaram a tenda em pânico. Na escuridão e confusão, eles fugiram encosta abaixo, afastando-se do perigo percebido. Vestidos inadequadamente para o clima rigoroso, eles rapidamente sucumbiram ao frio extremo.
Mas e os ferimentos inexplicáveis? Os pesquisadores sugerem que o impacto poderoso da avalanche poderia explicar as costelas esmagadas e fraturas cranianas encontradas em algumas das vítimas. A força da neve densa batendo nos alpinistas adormecidos poderia ter causado esses ferimentos graves.
Essa explicação, embora aparentemente simples, aborda muitos dos aspectos intrigantes do caso. Ela explica por que os alpinistas deixaram a tenda com tanta pressa, por que estavam inadequadamente vestidos e por que alguns sofreram ferimentos tão graves.
O estudo foi bem recebido por muitos especialistas na área, incluindo as autoridades russas que há muito procuravam respostas para esse caso perplexo. Em 2019, promotores russos reabriram oficialmente a investigação e suas descobertas alinham-se com a teoria da avalanche.