Ao nos aproximarmos de mais uma celebração de Ano-Novo, um fenômeno fascinante no mundo da aviação permite que alguns passageiros tenham a oportunidade única de vivenciar a transição de um ano para o outro duas vezes. Essa experiência peculiar é possível graças a voos que cruzam a Linha Internacional de Data (IDL, na sigla em inglês) na véspera de Ano-Novo.
A Linha Internacional de Data, uma linha imaginária que atravessa o Oceano Pacífico, cria uma divisão temporal entre datas do calendário. Ao cruzar essa linha, os viajantes experimentam o que parece ser uma manipulação do tempo, embora seja apenas uma questão de convenção geográfica, e não de viagem no tempo real.
O Serviço Nacional de Oceanos dos EUA explica que a Linha Internacional de Data não segue um percurso reto de norte a sul. Em vez disso, ela faz curvas para contornar fronteiras políticas, como o extremo leste da Rússia e as Ilhas Aleutas do Alasca. Localizada aproximadamente no meio do caminho ao redor do globo, em relação ao meridiano de Greenwich, na Inglaterra, a IDL é o ponto onde cada dia do calendário começa e termina.
Um voo notável que oferece essa oportunidade de celebração dupla é operado pela United Airlines. A jornada começa no Aeroporto Internacional Antonio B. Won Pat, em Guam, em 1º de janeiro, às 7h25 da manhã. Após um voo de 7 horas e 15 minutos, os passageiros chegam a Honolulu, no Havaí, às 18h40 do dia 31 de dezembro. Apesar de ser um voo doméstico nos Estados Unidos, a rota cruza a Linha Internacional de Data, criando essa curiosa inversão temporal.
A United Airlines já promoveu voos semelhantes no passado, com o slogan: “Você só vive uma vez, mas pode celebrar a véspera de Ano-Novo duas vezes!” No entanto, no ano passado, essa experiência única foi frustrada por atrasos significativos, conforme relatado pelo jornal The Independent.
Esse fenômeno não se limita a voos no sentido oeste, como o de Guam para o Havaí. Passageiros também podem vivenciar os efeitos de cruzar a Linha Internacional de Data em voos no sentido leste, partindo de cidades como Tóquio ou Sydney. A direção do voo determina se os viajantes ganham ou perdem um dia ao cruzar a IDL – cruzar para o oeste resulta em ganhar um dia, enquanto cruzar para o leste faz com que se perca um dia.
O papel da Linha Internacional de Data no controle do tempo internacional é informal, pois ela não possui status legal oficial. Os países têm liberdade para determinar as datas que observam, criando um sistema flexível que acomoda diversas necessidades políticas e práticas.
Para aqueles intrigados com a ideia de vivenciar a véspera de Ano-Novo duas vezes, esses voos oferecem uma maneira única de marcar a mudança do calendário. Embora isso não corresponda à fantasia de viagens no tempo retratada na ficção científica, esses voos que cruzam a Linha Internacional de Data proporcionam sua própria forma especial de navegação temporal, alcançada não por tecnologia fictícia, mas pelas realidades das convenções internacionais de data e das viagens aéreas modernas.