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Para onde vai a água da Fossa das Marianas?

Lucas R.

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Para onde vai a água da Fossa das Marianas?
Fossa das Marianas é o lugar mais profundo de todos os oceanos, com quase 11 mil metros de profundidade e esconde segredos.

A superfície da Terra é conhecida por ser um local úmido, mas um estudo sugere que o manto, que fica abaixo da crosta terrestre, pode conter ainda mais água do que se pensava anteriormente.

O estudo, publicado na revista Nature, descobriu que as placas tectônicas de subducção, que estão deslizando umas sob as outras na Fossa das Marianas, o lugar mais profundo de todos os oceanos, estão arrastando mais água para o interior da Terra, potencialmente alterando nossa compreensão do ciclo global da água.

A Fossa das Marianas é a parte mais profunda do oceano, atingindo uma profundidade de quase 11.000 metros em seu ponto mais baixo conhecido. É o ponto de encontro de duas placas tectônicas, a Placa de Mariana e a Placa do Pacífico, sendo a última mais densa e deslizando sob a primeira, permitindo que grandes quantidades de água do mar se derramem na crosta terrestre e no manto superior.

O lugar mais profundo de todos os oceanos
O lugar mais profundo de todos os oceanos

A água pode ser retida nas rochas da placa inferior como minerais hidratados, que se afundam mais profundamente no manto à medida que a placa o faz.

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Para entender a quantidade de água que acaba no manto, pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis, EUA, usaram uma rede de 19 sismógrafos implantados no fundo do oceano ao redor da Fossa das Marianas e sete sismógrafos terrestres nas vizinhas Ilhas Marianas.

A equipe ouviu mais de um ano de atividade sísmica para ver mais de perto a estrutura e a velocidade das placas. Os pesquisadores descobriram que a rocha hidratada na área se estende por quase 32 km abaixo do fundo do mar, o que é significativamente mais profundo do que estudos anteriores poderiam imaginar.

A equipe descobriu que na Fossa das Marianas, quatro vezes mais água é capturada e arrastada para o manto do que estudos anteriores estimavam. Se essa tendência se aplicar a outras regiões semelhantes ao redor do mundo, pode haver cerca de três vezes mais água no manto profundo do que se acreditava anteriormente.

Esta descoberta se alinha bem com evidências recentes de condições de um manto mais úmido, incluindo formas exóticas de gelo preso em diamantes.

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Acredita-se comumente que a maior parte da água no manto é ejetada de volta à superfície por meio de erupções vulcânicas, às vezes a centenas de quilômetros de distância. No entanto, as novas descobertas sugerem que muito mais água está entrando no manto do que saindo, o que pode levar a uma análise mais detalhada de nossa compreensão do ciclo global da água.

O ciclo global da água refere-se ao movimento contínuo da água sobre, acima e abaixo da superfície da Terra. A água evapora da superfície, sobe para a atmosfera como vapor, esfria e condensa em nuvens e depois cai de volta à superfície como precipitação. Essa água pode então ser armazenada em lagos, rios, oceanos ou aquíferos subterrâneos, de onde pode ser reevaporada e iniciar o ciclo novamente.

A descoberta de mais água no manto pode significar que o ciclo é mais complexo do que se pensava, com a água se movendo não apenas na superfície, mas também abaixo dela.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.