O macarrão instantâneo, popularmente chamado de miojo, é um alimento que sempre esteve sob envolto em muitas especulações. Com o mundo engolindo cerca de 102,7 bilhões de porções de macarrão instantâneo por ano, finalmente é hora de analisar o quanto é demais e se precisamos traçar uma linha no consumo desses alimentos processados.
De acordo com um relatório publicado pela Associação Mundial do Macarrão Instantâneo, o Brasil está em décimo lugar no ranking mundial de consumo de miojo, com média de 2,2 bilhões de doses por ano. A China encabeça a lista em impressionantes 38 bilhões de doses consumidas em 2017.
Por que o miojo faz tão mal?
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Uma vez que estes macarrões instantâneos são feitos para suportar uma vida útil mais longa, eles são altamente processados. Eles são baixos em conteúdo nutritivo; ricos em gordura, calorias e sódio; e são atados com cores artificiais, conservantes, aditivos e aromas.
“Na maioria dos casos, o glutamato monossódico (MSG), bem como o tert-butil-hidroquinona (TBHQ) – um conservante químico derivado da indústria petrolífera – pode estar presente no miojo por suas propriedades de melhoramento e preservação do sabor. A ingestão regular destes pode causar problemas de saúde graves”, disse o Dr. Sunil Sharma, médico geral e chefe de emergência do Hospital Madan Mohan Malviya, em Nova Deli, Índia.
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No ano passado, o Washington Post relatou um estudo sul-coreano realizado sobre os efeitos do macarrão instantâneo na saúde humana. Segundo o estudo, “embora o miojo seja um alimento conveniente e delicioso, pode haver um aumento do risco de síndrome metabólica devido ao alto teor de sódio, gordura saturada e carga glicêmica”, disse Hyun Shin, doutorando do Instituto de Medicina da Harvard School e um co-autor do estudo.
“Mulheres que comem macarrão instantâneo duas vezes por semana ou mais têm um risco maior de síndrome metabólica do que aquelas que comem menos, independentemente de seu estilo de dieta”, publicou o Washington Post.
O estudo concluiu que o consumo excessivo de macarrão instantâneo não só pode desencadear a obesidade, mas também doenças metabólicas, como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardíacos e assim por diante.
Maida
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A maioria dos miojos é feito de maida, uma versão moída, refinada e branqueada da farinha de trigo. O que torna a maida tão ruim para nossa saúde é o fato de ser altamente processada – mais rica em sabor, mas, infelizmente, desprovida de qualquer nutrição.
Segundo o Dr. Simran Saini, nutricionista do Fortis Hospital, em Nova Delhi, “os macarrões instantâneos à base de maida são carregados com conservantes e não passam de uma fonte de calorias vazias. O consumo excessivo pode levar à obesidade”.
“Na maioria dos casos, foi visto que esses miojos à base de maida prejudicam o processo digestivo. Seus remanescentes podem atingir a área do apêndice e desencadear infecções”, acrescentou.
As gorduras ruins
Infelizmente, a maioria dos alimentos processados é carregada com gorduras não tão boas como ácidos graxos saturados ou gorduras trans. Ácidos graxos monoinsaturados, bem como ácidos graxos poliinsaturados são as gorduras boas para você. Se alguém se aprofundar nos rótulos dos alimentos e o que esses termos realmente significam, perceberá que o óleo vegetal comestível, o açúcar, o xarope de açúcar, o intensificador de sabor e muitos outros agentes como esses não são bons para sua saúde. O miojo contém gorduras saturadas que se consumidas excessivamente ou regularmente podem elevar o nível de colesterol no sangue. Ter colesterol alto aumenta o risco de doença cardíaca, bem como diabetes tipo 2.
No ano de 2013, um grupo de médicos americanos realizou um experimento para ver como funciona o nosso processo digestivo quando comemos miojo. Com a ajuda de uma câmera minúscula, os médicos puderam ver o processo de agitação do macarrão na tela do computador. Curiosamente, foi visto que o estômago levou cerca de duas horas para digerir e romper completamente o alimento. Os especialistas explicaram que a natureza processada desses macarrões geralmente os torna difíceis de digerir.
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Todos os estudos e relatórios acima mencionados são indicativos do fato de que muito de algo é obviamente ruim. E não só no caso do miojo, mas também para todos os tipos de alimentos processados.
“Um dos maiores problemas atualmente é o fato de que as pessoas começaram a substituir alimentos de verdade por fast food”, observou Sharma. Isso é verdade quando me lembro várias vezes quando tarde da noite ou em uma preguiçosa manhã de domingo eu me levantava e rapidamente cozinhava miojo apenas para controlar a fome. De acordo com Dr. Sharma, fast food e itens processados deveriam ser consumidos ocasionalmente e nunca devem substituir as refeições reais. [Washington Post, NDTV, InstantNoodles]