Você já parou para pensar que, por trás da figura de autoridade, seus pais também podem estar aprendendo a viver — e que alguns deles, sem querer, reproduzem padrões tóxicos? Um termo que tem ganhado atenção recentemente é o de “pai pavão”, usado para descrever pais com traços narcisistas. A expressão surgiu no livro My Parent the Peacock: Discovery and Recovery from Narcissistic Parenting (algo como “Meu pai pavão: descobrindo e se recuperando da criação narcisista”), da psicoterapeuta britânica Kathleen Saxton. Mas o que isso significa na prática?
O que define um “pai pavão”?
De acordo com a Clínica Mayo, o transtorno de personalidade narcisista é uma condição de saúde mental em que a pessoa tem uma autoimportância exagerada, busca atenção excessiva e exige admiração constante. Por trás da máscara de confiança, há uma fragilidade emocional: críticas mínimas podem abalar sua autoestima, e a empatia pelos outros costuma ser limitada. No contexto da parentalidade, esse comportamento se traduz em pais que priorizam suas próprias necessidades em detrimento das dos filhos.
A coach de mindset e trauma Candice Tamara, conhecida no TikTok por abordar o tema, listou quatro sinais clássicos de quem foi criado por um “pai pavão”. Veja se algum deles parece familiar:
1. Eles não assumem responsabilidade
Pedir desculpas é um desafio quase impossível. Mesmo quando reconhecem um erro, a justificativa parece superficial ou forçada. Para o “pai pavão”, assumir falhas em seu comportamento — seja no passado ou no presente — é uma ameaça à imagem de autoridade que construiu.
2. Gaslighting e invalidação de sentimentos
Se você tentar explicar como certas atitudes dele te magoaram, a resposta provavelmente será: “Você está exagerando”, “Isso nunca aconteceu” ou “Você é muito sensível”. Essa manipulação, conhecida como gaslighting, faz com que a criança (ou mesmo o adulto) duvide de suas próprias emoções e memórias.
3. Desrespeito a limites
Estabelecer limites é essencial em qualquer relação, mas o “pai pavão” reage com culpa ou irritação. Por exemplo, se você diz que não quer discutir um assunto específico, ele pode ignorar o pedido, invadir sua privacidade ou acusá-lo de egoísmo. A mensagem subliminar é clara: suas necessidades são menos importantes que as dele.
4. Ciúme e possessividade
Para esse tipo de pai, o filho é uma extensão de si mesmo. Qualquer investida em construir relacionamentos saudáveis fora do núcleo familiar — como amizades ou um parceiro romântico — pode ser visto como uma traição. A ideia de “perder controle” sobre a vida do filho gera ciúmes e, em casos extremos, sabotagem.
E agora? Como lidar com essa situação?
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Segundo a Verywell Mind, plataforma especializada em saúde mental, o primeiro passo é avaliar o nível de contato. Para alguns, a solução é reduzir ou cortar totalmente a interação. Se o afastamento não for viável, estabelecer limites claros é crucial. Por exemplo: definir quais tópicos são off-limits em conversas ou limitar o tempo de convivência. O importante é manter a firmeza: se as regras forem quebradas, é preciso reforçá-las com ações, como encerrar a conversa ou sair do ambiente.
Vale lembrar que crescer com um “pai pavão” pode deixar marcas, como baixa autoestima, dificuldade em dizer não e tendência a relações codependentes. Por isso, buscar apoio profissional — como terapia — é recomendado para processar essas experiências e reconstruir a autoconfiança.
Se você se identificou com os sinais, saiba que não está sozinho. Reconhecer padrões tóxicos é o primeiro passo para criar relações mais saudáveis, seja com os pais ou em outros círculos da vida. A chave está em priorizar seu bem-estar emocional, mesmo que isso signifique repensar dinâmicas familiares enraizadas por anos.