O mundo do trabalho nunca para de mudar. Profissões que eram comuns há algumas décadas hoje parecem peças de museu, e a inteligência artificial (IA) está acelerando essa transformação. De acordo com análises recentes, algumas ocupações podem desaparecer em um futuro próximo — e outras já estão sentindo o impacto.
Um exemplo é o trabalho de operador de call center. A IA e os chatbots estão se tornando tão eficientes no atendimento ao cliente que, segundo projeções, essa ocupação pode deixar de existir em apenas um ano. Sistemas automatizados conseguem resolver dúvidas, processar pedidos e até lidar com reclamações sem a necessidade de intervenção humana, reduzindo custos e aumentando a velocidade dos serviços.
Mas os operadores de telemarketing não são os únicos em risco. Caixas de supermercado e lojas físicas também estão na lista. Com a popularização dos sistemas de autopagamento e o crescimento do comércio online, a demanda por profissionais nessa área caiu drasticamente. Em alguns países, redes varejistas já operam com até 80% dos caixas substituídos por máquinas. Outra profissão afetada é a de agente de viagens tradicional. Plataformas digitais permitem que qualquer pessoa reserve hotéis, compre passagens aéreas e monte roteiros turísticos em poucos cliques, sem depender de um intermediário.
Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, vai além. Em publicações no X (antigo Twitter), ele alertou que a IA pode superar humanos em áreas como medicina e direito. Citando um estudo do The New York Times, Musk destacou que chatbots como o ChatGPT foram mais precisos do que médicos na análise de históricos médicos e no diagnóstico de doenças. “A IA em breve superará médicos e advogados por uma grande margem”, afirmou. A declaração foi uma resposta a Bindu Reddy, CEO de uma empresa de IA, que argumentou: “Um médico robô com acesso a todos os exames laboratoriais poderá diagnosticar problemas e sugerir tratamentos mais eficazes que a maioria dos humanos”.
No campo jurídico, a perspectiva é similar. A IA já é usada para analisar contratos, pesquisar jurisprudência e até prever resultados de processos. Isso reduz a necessidade de horas de trabalho humano em tarefas repetitivas, levantando dúvidas sobre o futuro de funções como assistentes jurídicos e paralegais.
Mas nem todos concordam que a IA vai simplesmente apagar empregos. Rebeca Eun Young Hwang, professora de Stanford e Thunderbird, apresentou uma visão diferente em um evento organizado pelo Google. Para ela, a tecnologia não eliminará profissões, mas transformará a maneira como trabalhamos. “A pergunta não é quais empregos vão desaparecer, mas qual parte deles será afetada”, explicou. Hwang acredita que a IA liberará tempo dos profissionais, permitindo que se dediquem a atividades mais criativas e estratégicas. Por exemplo, médicos poderão focar no relacionamento com pacientes, enquanto a IA cuida de diagnósticos complexos.
Essa divergência de opiniões gera debates acalorados. Nas redes sociais, usuários rebatem as previsões de Musk com ceticismo. “Você pode confiar sua biopsia a uma IA, mas não espere que eu faça o mesmo”, comentou um deles. Outros destacam que habilidades humanas, como empatia e adaptabilidade, são difíceis de replicar por máquinas.
Enquanto isso, setores como educação, arte e gestão de equipes seguem sendo apontados como refúgios seguros — pelo menos por enquanto. A verdade é que a relação entre humanos e IA ainda está sendo escrita. Uma coisa é certa: adaptar-se às mudanças não é mais uma opção, mas uma necessidade para quem quer permanecer relevante no mercado de trabalho.