A ufologia e a paixão por objetos voadores inexplicáveis fazem parte de diversos momentos da história do nosso país. Mas sem dúvidas, a Operação Prato possui um lugar especial entre os casos de avistamento de óvnis que já foram registrados no Brasil. E tudo começou em meados de 1977.
Naquela época, moradores de várias regiões de Belém, no Pará, começaram a relatar que a cidade estava sendo atingida por “raios luminosos” vindos do céu. Quem gostava de assistir aos antigos documentários do “Linha Direta – Mistério”, que ia ao ar pela TV Globo, provavelmente se lembra dessa história.
No documentário que abordava este assunto, a psiquiatra Wellaide Cecim Carvalho, diretoria da Unidade de Saúde de Colares, uma vila de pescadores a 96km de distância de Belém, explicou o que viu nas pessoas que havia sido atingidas por estes raios vindos do céu. “Dois orifícios paralelos, como se agulhas tivessem penetrado a pele das pessoas”.

Wellaide diz que as pessoas baixavam no posto de saúde com vários sintomas, entre febre, tontura e anemia, e também apresentavam sinais de queimadura de primeiro grau. Não demorou para que a população começasse a dar apelidos para o fenômeno: “Chupa-chupa” e “luz vampira” estavam entre os nomes.
“Nunca me esqueci do pânico estampado no rosto das pessoas que diziam ter sofrido ataques por luzes que desciam dos céus e sugavam seu sangue”, escreveu o jornalista Carlos Mendes, que trabalhava para o jornal ‘O Estado do Pará’ e entrevistou mais de 80 testemunhas do fenômeno.
Obviamente, toda essa situação, que se agravava pela falta de respostas lógicas, começou a causar pavor entre os moradores de Belém. Em certo ponto, eles decidiram se unir para combater os invasores, fossem eles extraterrestres, espíritos malignos ou demônios.
Durante a noite, várias famílias iam para as ruas, acendiam fogueiras, batiam latas e soltavam fogos de artifício para afugentar o inimigo. Outras, mais religiosas, se reuniam para rezar.
Mas o prefeito sentia que precisava fazer algo prático sobre a situação, e acionou as Forças Armadas. Foi a partir daí que o coronel Camilo Ferraz de Barros convocou o capitão Uyrangê de Hollanda Lima, mais conhecido apenas como Hollanda, para chefiar uma missão que tentaria entender o que estava acontecendo. Até então, Hollanda comandava o Para-Sar, um esquadrão de elite da Força Aérea Brasileira que trabalhava em operações de busca e salvamento.

Sem saber exatamente o que estavam procurando, Hollanda e seus homens passaram vários meses na região litorânea do Pará, equipados com binóculos, máquinas filmadoras e outras ferramentas. Além de monitorar o que acontecia nos céus, eles também entrevistavam as vítimas dos ataques e qualquer um que dizia ter testemunhado as luzes.
Mas também havia quem pensava que as pessoas estavam exagerando um pouco. O médico psiquiatra Pedro Ernesto Póvoa visitou o vilarejo de Santo Antônio de Ubintuba, no município de Vigia, para analisar tudo o que estava acontecendo. Após a sua visita, ocorrida em 26 de outubro de 1977, cerca de um mês após os primeiros relatos, ele deu o seu veredito dizendo que tudo não passava de “histeria coletiva“.
E durante muito tempo, o próprio capitão Hollanda duvidava daquilo que estava fazendo. Mas isso mudaria em 5 de dezembro de 1977. Naquele dia, pela primeira vez, ele tinha algo para relatar aos seus superiores. Junto ao sargento Jorge Flávio Costa, Hollanda avistou algo que ele descreveu como “um troço enorme, de cerca de 100 metros de comprimento”, sobrevoando o rio Guajará-Mirim.
O objeto supostamente teria passado a 70 metros da embarcação onde os homens estavam, e teria o formato de uma bola de futebol americano. O objeto foi filmado e fotografado pelos militares, e para eles não havia mais dúvida: Eles estavam lidando com forças extraterrestres.
A partir do avistamento, foi marcada uma reunião com o brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, comandante do 1º Comando Aéreo Regional de Belém. No entanto, Protásio não estava tão animado quanto Hollanda. Após ouvir o relato do seu subordinado, em vez de intensificar as investigações, ele ordenou que a missão fosse suspensa. Esta decisão, até hoje, intriga os ufólogos.
“Infelizmente, todos os militares que participaram da Operação Prato já morreram. O último, aliás, foi o capitão Hollanda”, lamentou o jornalista Ademar José Gevaerd, editor da revista UFO, em certa entrevista. “A aeronáutica afirma que tudo o que existe sobre a Operação Prato já foi publicado, mas eu não acredito nisso”, lamenta.
Gevaerd, inclusive, chegou a entrevistar o capitão Hollanda em 1997, quando o próprio militar procurou a imprensa para contar a sua história. No conforto da sua casa, o coronel já reformado contou que teve muito medo de ser abduzido, e revelou que havia mais de 500 fotografias do objeto avistado, bem como mais de 2 mil páginas de relatórios sobre a operação. “Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardessem as vistas”, disse Hollanda.
Curiosamente, apenas dois meses depois da entrevista, Hollanda foi encontrado enforcado dentro do quarto da sua casa. O caso foi dado como suicídio, mas há quem defenda que ele possa ter sido assassinado por revelar informações sigilosas. Gevaerd, no entanto, diz que não acredita nessa hipótese, já que Hollanda teria tentado suicídio em outras ocasiões.
Hoje em dia, muitos ufólogos acreditam que o governo brasileiro não é totalmente transparente sobre o que foi descoberto durante a Operação Prato, e que muitas das imagens e vídeos da época ainda não foram levados ao público.