Era 1990, quando o técnico Sebastião Lazaroni fez uma convocação que até hoje é motivo de debates. Entre apostas em jogadores que não deram certo e a projeção de futuras promessas, a Seleção jogou muito mal e foi eliminada pela arquirrival Argentina na Copa do Mundo da Itália.
Mas nascia ali uma das figuras de torcida mais memoráveis da história da Copa do Mundo, atuando quase que como um amuleto nos torneios dali pra frente.
Era Clóvis Acosta Fernandes, que passou a acompanhar a Seleção em mais de 160 partidas e 60 países.
Símbolo da torcida canarinha, ele ficou conhecido em todo o país como o “gaúcho da copa”, fazendo jus ao nome ao carregar um notório bigode e roupas típicas do Rio Grande do Sul. O carro-chefe de seu figurino era o chapéu, que ao longo dos anos passou a carregar broches de vários lugares, ficando marcado com todos os destinos que passou.
Clóvis era apaixonado pela Seleção Brasileira, estando presente entre todas as copas entre 1990 e 2014. Ele viu o Brasil se consagrar campeão em 2 delas: 1994 e 2002, além do vice-campeonato em 1998.
Uma de suas últimas participações foi na vexatória eliminação para a Alemanha no Mundial de 2014, em partida realizada em Belo Horizonte. Sua imagem ficou marcada como um torcedor desolado que abraçava uma réplica da taça da Copa. A foto rodou o mundo como um lembrete frustrante da eliminação por 7×1 em casa.
“Fico chateado por ter viralizado daquela forma, pois ele era muito alegre. Aquele choro não foi pela derrota em si, foi porque ele sabia que aquela era a última Copa do Mundo dele”, disse Gustavo, filho de Clóvis.
Gustavo disse que o pai já sabia que estava doente e esperava fechar seu ciclo acompanhando a Seleção Brasileira com o sonhado hexacampeonato em casa.
Não deu. E Clóvis faleceu um ano depois, vítima de um câncer.
Desde então, Gustavo Fernandes, junto com o irmão Frank, decidiram continuar o legado do pai, acompanhando o Brasil no inédito ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, contra a Alemanha.
Gustavo inclusive está presente no Catar para acompanhar a Seleção Brasileira com a mesma taça que seu pai levava aos estádios, e esperamos que dessa vez, tudo dê certo.