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O que vai acontecer quando o Sol deixar de existir? A ciência tem algumas ideias

Leonardo Ambrosio

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Não é uma suposição ou apenas ficção científica – o Sol que ilumina e aquece a Terra, um dia, vai deixar de existir – assim como quase tudo que conhecemos. A grande dúvida é quando e como isso vai acontecer. A ciência ainda não tem todas as respostas, mas os cientistas já sabem algumas coisas. E uma das convicções que os cientistas têm é de que os seres humanos não vão estar mais por aqui para se despedir do Sol.

O Sol, acredita-se, tem 4,6 bilhões de anos, com base em outros objetos no Sistema Solar que se formaram provavelmente na mesma época que ele. Com base em observações em outras estrelas, os astrônomos imaginam que o astro deixará de existir dentro de 10 bilhões de anos – tempo que, para muitos cientistas, será mais que suficiente para acabar com a humanidade.

Mas é claro que algumas coisas devem acontecer antes do Sol deixar de existir por completo. Acredita-se, por exemplo, que ele se transformará em uma gigante vermelha dentro de 5 bilhões de anos. Seu núcleo encolherá, porém suas camadas externas devem se expandir até a órbita de Marte, engolindo a Terra no processo. Isso, é claro, se ela ainda existir até lá.

Grande parte dos cientistas concordam que a humanidade não deverá sobreviver a mais de 1 bilhão de anos, a menos que consiga encontrar uma forma de deixar a Terra e passar a viver em outro lugar. O motivo? O brilho do Sol se torna 10% mais forte a cada bilhão de anos. Este aumento, ao que tudo indica, vai acabar dizimando a vida na Terra. O aumento na potência do Sol deve fazer com que o oceano evapore e a superfície torne-se quente demais para a formação de água em estado líquido. Ou seja, 0% de chance de sobrevivermos.

Mas o que os cientistas ainda não sabem muito bem é o que deverá acontecer depois que o Sol se tornar uma gigante vermelha. No entanto, um estudo de 2018 tenta lançar alguma luz sobre este assunto. Nesta pesquisa, que envolveu o uso de modelagens de computador, os resultados apontaram que o Sol provavelmente deve se tornar uma anã branca depois de alguns anos, posteriormente passando a uma nebulosa planetária, como acontece com outras estrelas.

“Quando uma estrela morre, ela ejeta uma massa de gás para o espaço, conhecida como ‘envelope’. Este envelope pode ter até metade da massa original da estrela. Isso revela o núcleo do astro, que neste ponto da sua vida já está funcionando sem energias, eventualmente ‘desligando’ e finalmente morrendo”, explicou o astrofísico Albert Zijlstra, da Universidade de Manchester, na Inglaterra. De acordo com Albert, o núcleo faz com que essa massa ejetada brilhe intensamente por 10 mil anos, o que pode parecer muito, mas é um curto período de tempo tratando-se de astronomia. “É isso que torna a nebulosa planetária visível. Algumas são tão brilhantes que podem ser vistas de distâncias extremamente grandes”, explicou.

Essas nebulosas planetárias recebem este nome porque, quando foram vistas pela primeira vez, no final do século 18, elas se pareciam muito com planetas quando observadas a partir dos telescópios da época.

Nem todas as estrelas produzem essas nebulosas quando morrem, e este fenômeno está diretamente ligado à quantidade de massa que elas ejetam. O que o estudo de 2018 mostrou é que, curiosamente, o Sol está aparentemente no limite exato da quantidade necessária de massa para a nebulosa planetária ser visível. Se a massa do Sol fosse 1,1x menor, a nebulosa formada a partir da sua morte provavelmente não seria visível.

Enfim, podemos dizer que, apesar de que provavelmente não restará nenhum ser humano na Terra para observar este fenômeno, o Sol ao que tudo indica deve protagonizar um grande espetáculo no espaço antes de deixar de existir por completo.

O estudo citado nesta matéria foi publicado na Nature Astronomy..

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.