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O que significa ser assexual?

Lucas R.

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O que significa ser assexual?
A assexualidade é a orientação sexual caracterizada por pouca ou nenhuma atração sexual. É uma parte legítima da diversidade sexual.

A assexualidade, um termo frequentemente mal compreendido e negligenciado no espectro das identidades sexuais, merece um exame mais detalhado. Esta identidade, que distingue indivíduos que experimentam pouca ou nenhuma atração sexual, é mais do que apenas uma característica simples; é um aspecto profundo da identidade pessoal. No entanto, indivíduos assexuais muitas vezes navegam em um mundo onde sua orientação não é totalmente reconhecida ou compreendida.

Assexualidade: Mais do que Apenas Falta de Atração Sexual

A essência da assexualidade vai além do equívoco comum de ser apenas uma ausência de desejo sexual. É importante entender que a assexualidade não é uma identidade única. Dentro da comunidade assexual, existe um espectro de experiências e sentimentos. Uma pessoa assexual pode sentir atração romântica sem desejo sexual, enquanto outras podem se encontrar no espectro demi-sexual, onde a atração sexual só surge após formar um vínculo emocional profundo.

Além disso, a assexualidade se cruza com várias outras identidades. Indivíduos assexuais podem ser de qualquer gênero, e sua assexualidade pode coexistir com outras identidades sexuais ou de gênero, incluindo ser queer, transgênero ou de gênero diverso.

Assexualidade na Sociedade: Reconhecimento e Equívocos

Um grande obstáculo para a comunidade assexual é a falta de conscientização e reconhecimento na sociedade mainstream. A assexualidade, ao contrário de outras orientações sexuais, historicamente não foi sujeita a sanções legais ou morais.

No entanto, essa falta de discriminação ostensiva não significa que os desafios enfrentados pelos indivíduos assexuais sejam menos significativos. A assexualidade muitas vezes permanece invisível em uma sociedade que valoriza muito a atração e os relacionamentos sexuais. Esta invisibilidade pode levar à falta de compreensão e aceitação, tanto em relacionamentos pessoais quanto dentro das normas sociais mais amplas.

Famílias e comunidades podem ter dificuldade em entender ou aceitar indivíduos assexuais, muitas vezes mantendo a crença equivocada de que eles estão simplesmente vivenciando uma falta temporária de desejo sexual ou que estão ‘quebrados’. Este equívoco pode ser ainda mais agravado pelas perspectivas médicas ou psicológicas que patologizam a baixa libido. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, por exemplo, inclui o transtorno do desejo sexual hipoativo, o que pode confundir a distinção entre uma orientação sexual legítima e uma condição médica.

O início dos anos 2000 marcou um momento crucial para a comunidade assexual. Com o advento da internet, indivíduos assexuais encontraram uma plataforma para se conectar, compartilhar experiências e construir uma comunidade. Essa presença online levou a um aumento da visibilidade e um reconhecimento crescente da assexualidade como uma orientação sexual legítima. A Rede de Visibilidade e Educação Assexual, uma comunidade online internacional, desempenhou um papel crucial neste movimento, fornecendo recursos e apoio para indivíduos assexuais em todo o mundo.

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento gradual, mas significativo, na representação de personagens assexuais na mídia. Programas como ‘Heartstopper’ e ‘Sex Education’ introduziram personagens assexuais, contribuindo para uma compreensão e aceitação mais amplas dessa orientação. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer em termos de reconhecimento e aceitação generalizados.

Em conclusão, a assexualidade, como orientação, oferece uma perspectiva única sobre a sexualidade humana. Sua crescente visibilidade e reconhecimento desafiam as suposições predominantes sobre atração sexual e relacionamentos. A luta da comunidade assexual pelo reconhecimento e aceitação não é apenas sobre afirmar sua identidade; é sobre enriquecer nossa compreensão do espectro diversificado da sexualidade humana. À medida que a conscientização cresce, também cresce nossa capacidade coletiva de apreciar e celebrar o rico tapeçário da experiência humana, incluindo as muitas facetas da identidade assexual. [The Conversation]

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.